Em um mundo onde a polarização entre Estados Unidos e China tende a se acirrar, o Brasil precisa definir seu projeto de futuro, sob o risco de continuar exportando mão de obra qualificada e pesquisadores, enquanto cai nos índices globais de inovação. A constatação foi feita durante o evento O&G TechWeek, no Rio de Janeiro.
"A política do [presidente norte-americano, Donald] Trump de levar a China a desenvolver seu próprio sistema operacional inverteu o jogo. Agora, os EUA crescem pelas iniciativas de engenharia, enquanto a China cresce com o desenvolvimento de sistemas operacionais. Com isso, serão cada vez mais autônomos e haverá um distanciamento entre esses dois players. Falta saber qual deles vai influenciar o resto do mundo", resumiu o colunista da MIT Sloan Review Brasil, André Miceli.
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A chamada "exportação de cérebros" brasileiros é outra preocupação levantada pelo economista da BR Distribuidora, Marcelo Marinho Simas. Segundo ele, tal situação é particularmente crítica por que a disputa geopolítica na nova economia se dá não pelo controle de reservas, mas pelo domínio de tecnologias. Simas destaca que o País tem excelentes clusters tecnológicos, representados por órgãos de pesquisa como Embrapa, Impa, IME etc., mas tem dificuldade de reter esse capital humano. "O Brasil tem vários clusters ilustres, mas tem que saber onde quer chegar. Hoje vive de exportar commodities e, os cérebros, exporta de graça."
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"O movimento empreendedor precisa ser estruturado de forma consistente para que as pessoas fiquem no país e não sonhem em fazer a vida em Portugal", finalizou Simas.