Vem a calhar ao Brasil o presidente Jair Bolsonaro incorporar ao seu programa de governo a proposta do ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues de agregar valor à produção agrícola chinesa de exportação em terras brasileiras. Desse modo, supera-se estrategicamente a preocupação de que o país asiático vem comprando áreas nacionais apenas para interesses próprios e se transforme em parceria produtiva. Interessante bilateralmente.
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) se tornou uma empresa nacional de referência mundial em desenvolvimento de tecnologia na produção de alimentos, fibras e energia. Uma condição vantajosa para o Brasil, cada vez mais, se posicionar como um valoroso celeiro do mundo. A incorporação da tecnologia inteligente à agricultura em ritmo acelerado vem contribuindo para produzir alimento de melhor qualidade, mais barato e gerar trabalho. Condição adequada para uma parceria agregadora de valor brasileiro à produção agrícola chinesa e no desenvolvimento de ciência. Ganha o mundo.
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Rodrigues foi ministro da agricultura no primeiro governo do presidente Lula. Competente e articulado mundialmente no setor, sua opinião é relevante para enriquecer a solução desse problema que já preocupava o candidato Bolsonaro, dos chineses comprarem terras brasileiras para o plantio de exportação. Sem dúvida, tal situação não convém aos interesses nacionais. Essa parceria Brasil-China na produção de alimentos, incorporando novas tecnologias, poderá ser um novo cenário desejável no combate à fome do mundo. Projetando os seus reflexos, um projeto com esse propósito vai colaborar muito para a sustentabilidade global.
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Decerto que as oportunidades podem surgir dos desafios. Sem sombra de dúvida, é de alto interesse ao Brasil fortalecer sempre, com soberania, parcerias comerciais com a China. No caso da agricultura e pecuária, tendo, respectivamente, de um lado uma forte oferta de área plantável e do outro a maior população do mundo para alimentar, se traduz em desafio e oportunidade de humanizar o Planeta. Para isso é preciso estabelecer que as produções agrícola e pecuária da China em terras brasileiras precisam agregar valor brasileiro. Gerar trabalho brasileiro se traduz por prosseguir no caminho do desenvolvimento.
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Trata-se de alta negociação diplomática com visão estratégica de ocupar espaço no comércio internacional. No que contribui também a vantagem negocial do atual presidente da Organização Mundial do Comércio ser o brasileiro embaixador Roberto Azevêdo. O notável Henry Kissinger ensina que o estadista age a partir de estimativas que não se podem comprovar no momento e será julgado na história pela sensatez com que administrou a transformação inevitável. No caso Brasil-China e a produção de grãos para exportação, Roberto Rodrigues arremata sabiamente essa questão: queremos exportar frango com a soja embutida no frango.