Pela primeira vez nos 126 anos de Porto de Santos acontece uma iniciativa com perspectiva de regionalizar a sua administração, como saída do caos. É o que o senador Major Olímpio e o deputado federal Júnior Bozzella, ambos do PSL de São Paulo, estão defendendo e articulando na equipe de transição do presidente eleito Bolsonaro. Trata-se de uma proposta de gestão tripartite (município, estado e união). O presidente da Federação Nacional dos Operadores Portuários (Fenop), Sérgio Aquino, também defende a regionalização da gestão do porto. Há muitos anos reivindicada, essa iniciativa poderá conquistar o apoio das comunidades portuárias para ser modelo adotado nos demais portos.
Até agora, pouco se sabe da politica de transportes do País a ser posta em prática pelo futuro ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas da Silva. É sabido que Jair Bolsonaro foi eleito sem um programa que mostrasse como atingir a sua meta de melhorar a eficiência portuária e reduzir custos, bem como chegar ao final do seu governo com patamares similares aos portos asiáticos de Busan, Yokohama e Kaohsiung. Entretanto, para mover a sociedade é preciso mostrar caminhos. Daí o senador e o deputado federal eleitos pelo PSL merecerem o apoio de todo o partido por sua atitude acertada de mediar uma solução tão urgente para o Porto de Santos melhorar a sua produtividade e ser eficaz no seu amplo papel nacional,
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Trata-se de uma antiga reivindicação. Em 28-5-2002, em sua seção Mercado, na Folha de São Paulo, o articulista Luís Nassif escreveu, com o título O porto de Santos e a Codesp: “O ponto central da questão é a próxima regionalização que ocorrerá no sistema portuário” . Quando Fernando Henrique Cardoso assumiu o seu primeiro mandato em janeiro de 1995, no seu programa de governo havia o compromisso de regionalizar o Porto de Santos. Mais recentemente, Temer visitou à Baixada Santista em abril de 2017, para inaugurar uma escola homenageando seu falecido irmão, E aproveitou a ocasião para anunciar a regionalização do Porto de Santos. No âmbito da Secretaria Nacional de Portos (SEP), o seu titular Luiz Otávio Campos, talvez por conhecer sem profundidade do que trata, em setembro último também anunciou que este ano ocorreria a tão sonhada regionalização. Tais manifestações políticas captam e refletem, ao mesmo tempo que desconsideram, os anseios da sociedade por desenvolvimento e trabalho.
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O marco dessa nova caminhada para descentralizar a gestão do mais importante porto do Hemisfério Sul foi plantado pelo senador e o deputado na reunião da equipe de transição, no Centro Cultural do Banco do Brasil, na quarta-feira em Brasília. E deve fazer parte dos seus sonhos políticos grandiosos, o senador vir a ser o líder do PSL no Senado e o deputado federal ser o candidato a prefeito de Santos nas próximas eleições. Vista como interesse da sociedade, trata-se de uma ruptura com um modelo de administração arruinado por ampla ineficiência. Não menos importante e inerente é a adoção de um novo modelo de contrato de dragagem por resultado e de longo prazo. Decerto é o caminho acertado para reverter o processo de perdas por indicações políticas de baixa qualidade e da corrupção, como os caos de recentes prisões de diretores e superintendente assistidos pelo mundo. Um cenário absolutamente incompatível com um porto que pretende estar entre os primeiros do mundo.
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Com tudo isso, nenhuma reforma será exitosa se não promover produtividade estrutural que gere resultados em toda a logística, como parte da atividade e do negócio do porto. Por isso, não há justifica plausível para mais de 30 entidades atuarem, na era digital, com autoridade para interferir na atividade portuária sem coordenação da administração do porto. Assim também deve ser facilitada a vida de quem precisa do porto é fazer desnecessário o exportador/importador ir de guichê em guichê para sua mercadoria fluir entre os transportes aquaviário/terrestre. Tantos outros exemplos poderiam ser citados para justificar uma “Nova abertura dos portos do Brasil”, tema do fórum do Portogen te, para promover a inteligência da conjuntura portuária brasileira e balizar ações que tornem o produto brasileiro cada vez mais competitivo no comércio internacional. É certo que o Brasil torce para que Major Olímpio e Júnior Bozzella logrem êxito. Sem portos eficientes é impossível fazer crescer a economia nacional.