Entre tantos absurdos verificados no custo da dragagem do Porto de Santos(SP) executada pela Dragabrás, quando comparado ao preço da passagem de ônibus, fica mais caro viajar de São Paulo ao Rio de Janeiro, do que de São Paulo à Vitória, no Espírito Santo. E estamos falando de um contrato que pagou R$ 90 milhões, que são parte de um programa de investimentos para manutenção das profundidades dos portos, no qual serão gastos R$ 3,8 bilhões até 2022 pelo Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil (MTPA).
Por que o custo do metro cúbico dragado no trecho 1 é 22% maior que o cotado no trecho 4, se a sua distância da área de descarte é metade da do trecho 4? É fácil provar que o menor ciclo operacional implica em maior produtividade, que resulta em menores custos unitários. Esta lógica, até então, vinha sendo considerada na dragagem do Porto de Santos, há mais de 120 anos.
Trechos do canal do Porto de Santos
Preços da dragagem do Porto de Santos
No caso de subverter uma conclusão lógica é indispensável uma explicação clara e objetiva das razões que levaram a perverter uma premissa consagrada. Sem a qual, tal situação seria suficiente para definir uma atitude no mínimo temerária. O que não pode se admitir.
Estava certo o ex-ministro Quintella quando afirmou: “A dragagem é a prioridade número um para qualquer porto brasileiro ou do mundo.”. E poderia complementar: quando se paga menos, draga-se mais. Mas, isto ainda não está esclarecido pela Codesp, tendo em vista os valores pagos à Dragabrás.
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Há quase dois meses, o MTPA se silencia às indagações do Portogente sobre esse caso tão ruidoso e afronta a Lei de Acesso à Informação. O ministério é feudo do Partido da República (PR), cujo presidente, Tadeu Candelária, é conterrâneo e fiel escudeiro de Valdemar Costa Neto. E o ministro Valter Casimiro parece não ter se apercebido ainda da ameaça tão grave à produtividade da verba orçamentária. O que está em jogo são outros custeios da dragagem dos portos do Brasil.