Durante a greve dos caminhoneiros foi constatada falta de combustível em 8 dos 54 aeroportos do Brasil, um percentual de quase 15% da estrutura aeroviária básica vulnerável à crise de abastecimento de querosene de aviação. Mais de 80 voos cancelados e 90 atrasos são números que atestam uma absurda precariedade nas políticas de infraestrutura nacional.
Equipes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) escoltam uma carga de combustível para aviação
desde a Refinaria da Petrobras em Araucária (PR) até o Aeroporto Internacional Afonso Pena,
em São José dos Pinhais (PR)./Fernando Oliveira/PRF/Divulgação.
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Fracasso logístico
É o caso de perguntar por que todos os aeroportos que não receberam combustível na greve não tinham rede de abastecimento por dutos, como a dos aeroportos de Guarulhos (SP) e Galeão (RJ). Com certeza, não é por falta de tecnologia ou capacidade para implantar esse tipo de infraestrutura.
Todavia, é sabido que a falta de infraestrutura prejudica a competitividade do País, causa prejuízos que totalizam efeitos negativos sobre a economia e também afeta indesejavelmente a qualidade de vida dos usuários dos serviços. Mesmo assim, ainda prevalece uma cultura do descumprimento de cronograma e obras se arrastam por anos a fio, como a ferrovia Norte-Sul, há mais de 30 anos em construção e ainda não chegou a sua extensão prevista inicial de 1.550 km.
É o que também acontece no aeroporto de Viracopos. Apesar de existirem dutos subterrâneos há mais de 15 anos e que nunca foram utilizados no aeroporto, em Campinas (SP), na greve, carretas tiveram que ser mobilizadas para realizar o abastecimento. E foi necessário o Exército escoltar sete carretas até o terminal que é privatizado.
Mesmo que projeto sem rede subterrânea de abastecimento não seja impeditivo para aprovação de um aeroporto, sua recomendação como indicador de qualidade é positiva. E, assim, pode contribui para aprimorar o funcionamento de aeroportos.