No mar de lama que afunda a classe política brasileira, os segmentos que fazem parte da abrangência do Portogente como portos, obras de infraestrutura e atividades de transporte aparecem como grandes geradores de propinas e caixa 2 para a cúpula da esfera pública no País. As operações (ilegais) de políticos no Porto de Santos são repetidamente questionadas nos últimos dias a partir das investigações da Polícia Federal a respeito da delação de Joesley Batista, um dos proprietários da JBS, colocando em péssimos lençóis o presidente Michel Temer (PMDB). O Porto de Santos se autodenomina "A Porta do Comércio do Brasil" e é responsável por cerca de 25% da Balança Comercial Brasileira. Na midiática lista de 82 perguntas que a PF enviou a Temer, o Grupo Rodrimar é citado em 4 delas. A companhia administra quatro instalações no principal porto do País.
Mordomo do porto santista - É importante recordar que o Porto de Santos foi território dominado pelo presidente Temer no final dos anos 1990, época em que indicou os diretores-presidentes Marcelo Azeredo, Paulo Fernandes do Carmo e Wagner Rossi, todos ligados ao PMDB. Em 1999, a Câmara de Vereadores de Santos apontou irregularidades que teriam sido praticadas a mando de Temer. O atual presidente também discutiu pelo mesmo motivo com o já falecido e então deputado Antônio Carlos Magalhães, que fez piada dizendo que Temer tinha "pose de mordomo de filme de terror". O presidente peemedebista também cultiva longo relacionamento com o presidente da Rodrimar, Antonio Celso Grecco. A PF deseja saber qual é a relação mantida entre eles, se Temer já recebeu contribuições financeiras da Rodrimar para campanhas eleitorais e se o ex-deputado Rodrigo da Rocha Loures, preso no último dia 3 de junho, recebeu reivindicações para incluir no novo decreto (9.048) que regulamenta a exploração de portos e terminais no País. A PF apreendeu documentos ligados às investigações da Operação Lava-Jato no prédio da empresa no Centro de Santos e, em caráter comprometedor, em endereços atribuídos a Rocha Loures. Caso as buscas sejam aprofundadas no porto santista, mais evidências irão aparecer. Agentes da PF sabem disso. Tanto que uma das perguntas endereçadas a Temer foi: "Vossa Excelência tem relação de proximidade com empresários atuantes no segmento portuário, especialmente de Santos/SP?".
Trem fantasma? - Os avanços tecnológicos da indústria ferroviária são notáveis nos últimos anos. Os países que mais investem em pesquisa e desenvolvimento estão apresentando soluções para a redução de custos e de tempo no transporte de cargas pelos trilhos. Uma das propostas mais impressionantes é a do Centro Aeroespacial Alemão (Deutsches Zentrum für Luft - DLR na língua local). Tendo em vista que, atualmente, a parada das composições para acoplar e desacoplar vagões responde por até 40% do custo do frete, a agência alemã propõe adotar vagões autônomos. Cada um dos vagões poderá ter sistema próprio de propulsão elétrica e se conectaria facilmente a outros vagões, formando composições ferroviárias "quase tradicionais". A ilustração abaixo ajuda a assimilar melhor a proposta do DLR.
Na rota da ambição - Com o sistema de vagões autônomos, as empresas que embarcam grandes quantidades de mercadorias poderiam abastecer uma ou mais unidades no ramal mais próximo de sua central produtiva - ou de distribuição. O vagão teria autonomia para se locomover, sem necessidade de condução humana, até o ponto de contato com uma composição que o transportaria até o seu destino final. Como ilustra a imagem abaixo, vagões poderiam ser conectados e desconectados da composição ferroviária em terminais logísticos de forma rápida (a velocidade média do modal na Alemanha é de apenas 18km/h) e segura, otimizando os custos com transporte. Os alemães calculam que o modal ferroviário corresponderá por 40% da movimentação de cargas até o ano de 2030. O Centro Aeroespacial Alemão desenvolve outros projetos muito ambiciosos que podem ser encontrados em seu canal oficial no YouTube.
Caminho das Índias - O ministro da Navegação da Índia, Shri Nitin Jairam Gadkari, anunciou na última semana que os 12 portos administrados pelo governo local substituirão a energia elétrica por fontes renováveis. As autoridades do país asiático informaram que o processo iniciado possibilitará que 75% da energia seja gerada por paineis solares e 25% por meio da força dos ventos, com estrutura de pás eólicas que ainda serão instaladas em território indiano. Alguns polos de produção industrial também passarão a priorizar o uso de energias renováveis. O prazo para a radical mudança não foi divulgado - limitou-se a falar em "soon", que significa em breve em português. A iniciativa tem como objetivo reduzir a emissão de carbono no país, em contraste com o rumo tomado pelos Estados Unidos, após o presidente Donald Trump avisar que a nação irá se retirar do Acordo do Paris e estimular investimentos em usinas de carvão. Clicando aqui você acessa o material produzido pela Federação Indiana de Energia Verde com o intuito de convencer investidores a se arriscar em atividades como biodiesel e energias renováveis. Os três principais portos indianos são Kandla Port, Nhava Sheva e Mumbai.