O estaleiro destinado ao desmanche de navios mercantes, militares e de cruzeiros em Alang, situado ao oeste da Índia, é historicamente o principal em atividade no planeta, posto atualmente dividido com o estaleiro de Chittagong, na também pobre nação de Bangladesh. É para lá que são levadas grandes embarcações sem utilidade para o transporte marítimo ou aquaviário. A escolha desses locais para desovar os navios e transformá-los em sucata tem um motivo óbvio: o baixo custo da mão de obra. Cidadãos trabalham de forma degradante e submetidos a um regime que não garante segurança física ou mental.
Em 2017, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes Aquaviários e Aéreos, na Pesca e nos Portos (Conttmaf) enviou um ofício à Transpetro lamentando o envio a esses estaleiros de embarcações construídas com recursos do Fundo de Marinha Mercante (FMM) do Brasil. No documento a entidade protestou contra o envio de navios para desmanche no Sul da Ásia, realizada por empreendimentos que não assumem compromissos com políticas de segurança, saúde e proteção ao meio ambiente.
Os estaleiros em Alang e Chittagong registram números espantosos anualmente, cada um deles desmanchando centenas de embarcações e transformando-as em toneladas de sucata. A primeira tarefa dos trabalhadores é retirar dos navios cabos, amarras e equipamentos elétricos ou eletrônicos. Esses materiais ssão revendidos em feiras livres nas regiões próximas às áreas de desmanche, sem qualquer fiscalização. O desmonte dos cascos, todavia, é a tarefa mais perigosa e demorada, executada em operações que envolvem centenas de pessoas.