Há quase seis anos, no dia 11 de setembro de 2001, às 9h45 (horário de Brasília), não é exagero algum afirmar que o mundo entrou em pânico ao ver o Boeing 767 da United Airlines chocando-se com a torre norte do World Trade Center, em Nova York. Conseqüentemente, o começo da maior tragédia da história dos Estados Unidos marcou o início de uma das mais controvertidas e importantes medidas adotadas na área da segurança portuária: a implantação obrigatória do ISPS Code em todos os portos do mundo.
Desde que foi elaborado pela Organização Marítima Internacional (IMO), no final de 2002, o ISPS Code fez com que portos de 162 países alterassem a rotina de operações, reforçando a segurança contra atentados terroristas. O Porto de Santos precisou instalar inúmeros equipamentos, incluindo 28 gates (portões) de acessos ao cais, 228 câmeras e aparelhos de tecnologia avançada como handkeys (leitor de mão) e o Centro de Controle de Operações (CCCom), inaugurado em agosto de 2005.
O continente europeu concentra a maior parte dos portos que já finalizaram a implantação das exigências do ISPS Code. Dentre os motivos apontados para a velocidade no processo de aquisição e construção dos equipamentos estão a infra-estrutura já existente, a organização e o envolvimento do setor portuário nos países do velho mundo.
Quarenta e cinco acidentes envolvendo veículos que transportavam mercadorias perigosas aconteceram no último ano nas estradas que dão acesso ao Porto de Santos e ao pólo industrial de Cubatão. Embora a média seja inferior a quatro ocorrências por mês, a fiscalização e a ação em casos de acidentes requerem muita cautela e organização para evitar mortes e danos ao meio ambiente. A tragédia com o vôo 3054 da TAM, embora envolvesse um modal diferenciado, demonstrou como um único acidente pode deixar centenas de famílias enlutadas. O marcante episódio evidenciou, ainda, inúmeras falhas operacionais até então pouco debatidas em âmbito nacional. No setor terrestre, embora nenhuma grande tragédia tenha sido registrada nos últimos anos, é fundamental que todos estejam atentos para não agir quando a “fechadura já estiver arrombada”.
Há duas semanas, a divulgação de uma pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) causou muita polêmica no Porto de Santos, apontado como o quarto pior do País em infra-estrutura. Um dos motivos apontados para isso é o acesso aos terminais santistas, precários em alguns casos. Em Guarujá, por exemplo, o único caminho para oito empresas diferentes é a Rua Idalino Pinez, conhecida como Rua do Adubo. Confira, em imagens, como é sofrido para o motorista descarregar sua mercadoria passando por esse local. Assim, talvez seja possível compreender porque Santos está entre os piores portos quando se fala de infraestrutura.