O Brasil nunca teve uma política de conteúdo local de verdade e sim uma cláusula isolada dentro dos contratos de concessões do setor de petróleo e gás natural. A observação crítica é de Karine Fragoso, gerente de Petróleo, Gás e Naval da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). “Para se ter uma política estabelecida de fato é necessário contar com uma coordenação de mecanismos que a viabilize em todas as frentes, desde regras próprias a acessos a recursos financeiros que permitam com que os concessionários cumpram as obrigações determinadas nos seus respectivos contratos de concessões, incluindo a cláusula de conteúdo local, e o Brasil nunca teve essa integração”, salienta.
A Firjan é uma das 14 entidades industriais que atuam em conjunto, desde o início deste ano, no Movimento Produz Brasil. O grupo defende a manutenção e o aprimoramento da política de CL como mecanismo para potencializar o desenvolvimento econômico e social do país. Para Sérgio Bacci, diretor do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval), entidade que também compõe o movimento, é necessário entender que a indústria naval deve ser uma política de Estado, não de governo.
“O Governo Federal passado apostou no setor e ele cresceu; a administração atual não investiu e a indústria entrou em decadência. Este é um segmento que necessita de uma política própria, que precisa entrar para o plano industrial do país em definitivo para voltar a crescer nos patamares de 2014. Não podemos ficar a mercê das vontades de um ou outro governo que esteja instalado”, afirma Bacci, que também é presidente executivo da Associação Brasileira das Empresas de Construção Naval e Offshore (Abenav).
Marintec
O tema deve ser um dos centros de atenção da 14ª Marintec South America - Navalshore, que ocorre de 15 a 17 de agosto, no Centro de Convenções SulAmérica, no Rio de Janeiro (RJ). O evento reúne a cadeia produtiva do setor marítimo em discussões sobre o aumento da produtividade, da qualificação profissional, do fomento de novas tecnologias, de investimentos e da demanda e oferta para toda a cadeia. Para Karine Fragoso e Sérgio Bacci, há muito o que ser discutido durante esta edição do encontro.