Gustavo Pecly, executivo do Grupo Libra, é o atual presidente da Associação Brasileira de Terminais e Recintos Alfandegados (Abtra). Durante a Feira Intermodal South América, realizada em São Paulo, em abril último, declarou que as relações de trabalho no Brasil precisam ser repensadas.
Leia também
Libra Terminais e o golpe de mestre
A dívida que a Libra Terminais não paga
Os riscos de um trabalho regulado pelo mercado
Precarização do trabalho nos portos
Acordos Coletivos de Trabalho no setor portuário: mocinhos ou vilões?
Portogente – Em que aspecto as relações de trabalho precisam ser repensadas como o senhor afirma?
Gustavo Pecly – O que valorizo não é o trabalhador nem o empresário, mas a relação entre os dois, que deve ser avaliada sempre. A partir das alterações da Lei 12.815 (2013) algumas questões ficaram desorientadas do ponto de vista dessa relação. Acho que é um momento importante. Esperamos que seja uma discussão madura que ajude o setor a vencer essa fase do comércio exterior um pouco mais deprimido. As empresas estão precisando de uma dinâmica maior. Não é só falar em investir fisicamente em infraestrutura, em sistemas ou informática, mas nessa relação [trabalhista] para que ela não atrapalhe o desenvolvimento do setor [portuário].
Portogente – Em sua opinião, o que falta à legislação quanto ao trabalhador portuário?
Gustavo Pecly – A gente vê que, a partir da Lei 12.815, questões como o CAP [Conselho de Autoridade Portuária] foi muito desvalorizada. Questão envolvendo sindicatos, acordos sindicais, as relações sindicais e as formas de trabalho, de um modo geral, precisa ser ajustada. Precisa ser debatido o que se pode mudar quanto a isso. A lei pode ser melhorada, ajustada. É isso que o País precisa, que as pessoas não esperem a coisa ficar ruim para melhorar.
Portogente – Essas questões se relacionam à segurança do trabalhador?
Gustavo Pecly – Não só o operador portuário ou o Ogmo [Órgão Gestor de Mão de Obra], mas o próprio trabalhador deve se conscientizar da importância dos equipamentos de segurança. Estão todos no mesmo barco e a responsabilidade é de todos. Mesmo que se invista financeiramente, não adianta se não se conscientizar da importância para ele [trabalhador], para o setor e para a família dele.
* Foto da home: Rodrigo Leal/Appa