Em reunião realizada no Conselho Superior de Infraestrutura da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Coinfra-Fiesp), no dia 9 último, Fernando Simões Paes, diretor executivo da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), falou sobre a importância das ferrovias para o Brasil. "A participação do modal ferroviário tem uma parcela considerável economicamente, pois movimenta cerca de 25% de toda a carga transportada no Brasil, com expectativa de chegar a 35%", disse.
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Esse número só será viável se houver expansão e ampliação da capacidade da malha atual, segundo o executivo. "O Brasil precisa de um modal participativo. A quantidade da malha brasileira é baixa e perde para países desenvolvidos e Brics e, inclusive, para a Argentina", afirmou.
Apesar disso, o Brasil tem grande potencial no setor. "Mais de 35% das commodities agrícolas chegam aos portos por ferrovia; esse número é ainda mais expressivo quando se trata de açúcar, cerca de 55%, e minérios, mais 90%."
Histórico
A concessão das ferrovias de carga para a iniciativa privada, na década de 90, foi uma das ações governamentais mais acertadas para o crescimento do transporte ferroviário no Brasil, na opinião de Paes. Ele apresentou um histórico, de 1997 a 2014, mostrando um investimento de R$ 44 bilhões pelas concessionárias, resultando em crescimento na movimentação de cargas de 83,2%, no período.
Além disso, a produção do transporte ferroviário de cargas cresceu 124,1%. Já o transporte de contêineres cresceu 11.436% e houve uma redução de 85% no índice de acidentes. "Com esta projeção, o número de locomotivas em atividade aumentou em 172%, e o de vagões, 145% de 1997 a 2015. A produção do transporte ferroviário cresceu 139,2%, enquanto o PIB aumentou 53,1%, no mesmo período", afirmou o executivo.
Paes acredita que o desafio é atingir maior equilíbrio na matriz de transportes. "Precisamos expandir a malha, com novas concessões, aumentar a capacidade da malha concedida, com prorrogação dos contratos, e ter segurança jurídica e redução dos excessos burocráticos e regulatórios para o setor evoluir mais", concluiu.
Julio Neto, diretor presidente da RumoALL, também participou da reunião. Apresentou dados sobre a expansão e um balanço do trabalho feito nas ferrovias pela companhia, seguindo um plano de investimento elaborado para até 2020, com foco nas malhas norte e sul. Dentre os investimentos, foram feitas reformas e aquisições de locomotivas e vagões nas duas malhas com um investimento de aproximadamente R$1,2 bilhão.
Neto disse que para elevar a movimentação grandes desafios deverão ser superados, como a malha ultrapassada e com baixa manutenção, elevado número de restrições e acidentes, locomotivas e vagões antigos e danificados, terminais pulverizados e com baixa eficiência para recepção de carga ferroviária no interior e no porto e restrições de serra e acesso aos portos.
A reunião foi mediada pelo presidente do Coinfra, Marcos Lutz, e teve as presenças também de Carlos Cavalcanti, vice-presidente do conselho, e do tenente brigadeiro Aprígio Eduardo de Moura Azevedo, diretor executivo de Projetos da Fiesp.