Terça, 04 Novembro 2025

Primeira grande rota marítima global de e-combustíveis pode iniciar operações antes de 2030

Porto do Açu e o Porto de Antuérpia Bruges

Kristof Waterschoot, CEO do Porto de Antuérpia-Bruges Internacional, e Eugenio Figueiredo, CEO do Porto do Açu

O Porto do Açu e o Porto de Antuérpia-Bruges assinaram nesta segunda-feira (3) uma carta de intenções para a criação de um corredor marítimo verde entre Brasil e Europa, com potencial para se tornar a primeira grande rota de exportação de e-combustíveis do mundo. O objetivo é que o corredor esteja em operação antes de 2030.

O acordo é resultado de um estudo de pré-viabilidade desenvolvido pelo Rocky Mountain Institute (RMI) e Global Maritime Forum (GMF), apresentado durante o Oceans of Opportunity Summit, no Rio de Janeiro. O evento reuniu líderes do setor portuário, marítimo, energético, financeiro e governamental para discutir a agenda de descarbonização marítima do Brasil.

"Trabalhamos para que o Porto do Açu seja um hub global de exportação de combustíveis marítimos de emissão zero, estrategicamente posicionado para conectar a produção brasileira à crescente demanda europeia por soluções de baixo carbono", afirma Rogério Zampronha, CEO da Prumo.

O Porto de Antuérpia-Bruges, um dos maiores hubs industriais da Europa, projeta a importação de 6 a 10 milhões de toneladas de amônia verde por ano até 2030, equivalente a 1,2 a 1,5 milhão de toneladas de hidrogênio verde. Essa demanda de mercado pode ser atendida pela produção brasileira, incluindo a prevista para o hub de hidrogênio e derivados do Porto do Açu.

"A parceria com o Porto de Antuérpia-Bruges mostra o poder da cooperação internacional e como podemos contribuir para uma economia marítima sustentável e circular. O Açu é um ecossistema que entrega resultados reais, com disponibilidade de energia e um modelo de porto privado que garante agilidade, eficiência e os mais altos padrões ESG", completa Eugenio Figueiredo, CEO do Porto do Açu.

O estudo de pré-viabilidade aponta que o corredor Açu–Antuérpia oferece vantagens comerciais:
• Operação dos navios próxima à paridade de custos com combustíveis convencionais;
• Infraestrutura já mapeada (terminais, segurança, regulação);
• Viabilidade comercial para atender à demanda europeia com baixo risco de compliance.

"A parceria com o Porto do Açu é um marco na construção de um corredor transatlântico de energia verde. Juntos, estamos preparando os primeiros fluxos de importação de amônia verde do Açu para Antuérpia-Bruges", comenta Kristof Waterschoot, CEO do Porto de Antuérpia-Bruges Internacional.

O estudo destaca que o Brasil possui condições competitivas para se tornar um dos maiores produtores globais de e-combustíveis, impulsionado por sua matriz elétrica renovável, políticas públicas e baixo custo de capital. Além disso, medidas como o IMO Net Zero Framework, o FuelEU Maritime e o Emissions Trading System (ETS) devem criar incentivos adicionais para combustíveis de emissão zero. O setor marítimo responde hoje por 80% do comércio mundial em volume e cerca de 3% das emissões globais.

"O Brasil tem os recursos para liderar o mundo em combustíveis marítimos sustentáveis e competitivos", destaca Jon Creyts, CEO da RMI. "O setor marítimo pode ser um líder na transição energética global, e o corredor verde Açu–Antuérpia é símbolo do que podemos alcançar por meio da inovação e da ação climática coordenada", completa Johannah Christensen, CEO do Global Maritime Forum.

Hub de hidrogênio do Porto do Açu

O Porto do Açu está consolidando rapidamente sua posição como polo de produção de hidrogênio de baixo carbono e combustíveis limpos. Em apenas um ano, a primeira área licenciada, com 1 milhão de m², foi totalmente destinada a projetos focados na exportação de amônia verde e e-metanol. O licenciamento ambiental de mais 4,5 milhões de m² está em andamento para atender à crescente demanda.

Até o momento, cinco desenvolvedores internacionais garantiram seis reservas de terrenos dentro do hub de hidrogênio e derivados do Açu, reforçando o papel do porto como porta de entrada do Brasil na produção e exportação de combustíveis sustentáveis.

O próximo passo do corredor Açu–Antuérpia será um estudo de viabilidade completo, que detalhará custos, contratos, disponibilidade de navios, motores e estrutura financeira, combinando incentivos da IMO, programas brasileiros e políticas europeias.

Sobre o Porto do Açu

Localizado no norte do Rio de Janeiro, o Porto do Açu é o maior complexo porto-indústria privado de águas profundas da América Latina. Em operação desde 2014, é administrado pela Porto do Açu Operações, uma parceria entre a Prumo Logística e o Porto de Antuérpia-Bruges Internacional. Atualmente, 30 empresas estão instaladas no complexo. O Açu acelera sua industrialização com foco em projetos de baixo carbono, reafirmando sua posição como o porto da transição energética no Brasil.

Sobre a Prumo Logística

A Prumo Logística é um grupo multinegócio responsável pelo desenvolvimento estratégico do Porto do Açu. É controlada pela EIG e pela Mubadala Investment Company. Por meio das seis empresas do Grupo Prumo e parceiros, o Açu atende aos setores de petróleo, gás, logística portuária e mineração, com infraestrutura capaz de suportar novos negócios de baixo carbono.

Sobre o Porto de Antuérpia-Bruges

Com uma movimentação anual de 278 milhões de toneladas, o Porto de Antuérpia-Bruges é um dos principais portos do mundo e abriga o maior cluster químico integrado da Europa. Responsável por 164 mil empregos diretos e indiretos e 21 bilhões de euros em valor agregado, é o motor econômico mais importante da Bélgica e busca ser o primeiro porto mundial a conciliar economia, pessoas e clima.

Sobre o Rocky Mountain Institute

O Rocky Mountain Institute (RMI) é uma organização independente e sem fins lucrativos fundada em 1982, que atua na transformação dos sistemas energéticos globais por meio de soluções orientadas pelo mercado. Trabalha em mais de 50 países promovendo energia limpa, acessível e resiliente para todos.

Sobre o Global Maritime Forum

O Global Maritime Forum é uma organização independente e sem fins lucrativos dedicada a moldar o futuro do comércio marítimo global. Atua como plataforma colaborativa para enfrentar desafios da cadeia de valor marítima, como descarbonização e condições de trabalho dos marítimos.

 

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