Quarta, 06 Agosto 2025

Opinião

Opinião | Maithe Morotti
Administradora especialista em Liderança Estratégica, com ênfase em Logística, Comércio Exterior e Processos Gerenciais

Maithe Morotti opiniao

A ausência do líder jamais se faz em silêncio. Ela reverbera, ecoa nas frestas do dia a dia, ressoa no tumulto das decisões desencontradas, na dança frenética das cadeiras que nunca encontram lugar para se firmar. É um vazio ruidoso, tão claro quanto o desespero de um cego que, em meio a um tiroteio, avança sem rumo, tateando o ar em busca de um ponto seguro que não existe.

Curioso é que, quando a liderança se limita à superfície, esse vazio permanece invisível para os que ocupam os degraus mais altos. Compartilham a mesma cegueira moral e o mesmo descompromisso. Criam uma miragem tênue, onde tudo parece fluir, enquanto o pulsar vital da responsabilidade se apaga lentamente.

São os colaboradores, aqueles que não figuram nos organogramas, mas carregam a espinha dorsal da organização, que sustentam esse palco frágil. Eles preenchem as lacunas deixadas por líderes que confundem status com substância, autoridade com presença, título com compromisso. Líderes que desfilam suas insígnias, mas recusam a pele da responsabilidade.

Quando a realidade da ausência se impõe à alta direção, o caos já se enraizou. Cada fragmento segue sua própria dança, descompassada, sem coerência nem padrão. Uma orquestra sem maestro, onde todos tocam, mas ninguém conduz.

No centro desse desequilíbrio, o líder que delega sem autoridade real é a figura emblemática. Entrega o fardo da decisão, dilui a responsabilidade, foge do desafio. Prefere que a culpa pertença aos outros, enquanto mantém a aparência de controle.

Liderar é muito mais do que ocupar um posto. É vestir, com coragem e integridade, a camisa da responsabilidade. É ser farol na tempestade, presença lúcida e constante, âncora que não se move mesmo quando o barco ameaça naufragar.

E é nessa ausência evidente, nesse silêncio retumbante, que se revela o verdadeiro significado da liderança, não o que se proclama, mas o que se vive.

Maithe Morotti

Administradora especialista em Liderança Estratégica, com ênfase em Logística, Comércio Exterior e Processos Gerenciais

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Há, hoje, um consenso crescente de que o transporte precisará responder, com celeridade, às metas globais de descarbonização.

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Em um cenário cada vez mais digitalizado, a segurança cibernética deixou de ser uma preocupação restrita às áreas técnicas das empresas para se tornar uma questão estratégica de sobrevivência e competitividade.

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O que antes era visto como um mero custo operacional hoje se transformou no centro dos negócios: a logística.

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Opinião | Paulo Cintra
Diretor Regional de Serviços Industriais da TÜV Rheinland na América Latina

Paulo Cintra

O setor portuário brasileiro deve passar, nos próximos meses, por diversas transformações, que refletem a necessidade de modernização e adaptação a um cenário global mais competitivo e sustentável. A importância desse setor para a economia nacional é inegável, uma vez que aproximadamente 95% do comércio exterior do Brasil é realizado por via marítima. Esse contexto exige investimentos consistentes em infraestrutura, tecnologia e eficiência operacional, alinhados às demandas de um mercado em constante evolução.

Uma das mudanças mais significativas para o setor é a aceleração das concessões e arrendamentos de terminais portuários à iniciativa privada. Desde a promulgação da Lei dos Portos em 2013, que trouxe maior flexibilidade para operações privadas, houve um avanço substancial no interesse do setor privado em participar da administração e operação dos portos brasileiros.

Neste ano, espera-se que esse processo atinja novos patamares, com a licitação de terminais estratégicos e a renovação de contratos de arrendamento, permitindo que operadores privados implementem práticas globais de eficiência e inovação.

O governo federal, por meio do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), tem impulsionado esse movimento, visando não apenas ampliar a capacidade operacional dos portos, mas também garantir que o Brasil acompanhe as exigências internacionais de logística. Segundo dados do Ministério da Infraestrutura, o governo tem investido desde 2023 em projetos de modernização portuária, abrangendo melhorias em dragagem, ampliação de terminais e aquisição de equipamentos mais avançados. Esses recursos são direcionados para atender à crescente demanda por movimentação de cargas, especialmente de grãos, petróleo, celulose e minérios, setores onde o Brasil possui forte competitividade global. Até o final de 2025, o valor de investimento deve chegar a R$ 30 bilhões.

Digitalização do setor

Outro ponto relevante é a digitalização do setor, que avança significativamente. Um exemplo prático dessa transformação digital é a implementação do Port Community System (PCS), plataforma que centraliza e integra informações logísticas, simplificando processos como liberação aduaneira, gestão de cargas e monitoramento de embarques. Além disso, há novos sistemas que usam a integração de IoT para aprimorar embarcações, cargas e até impactos ambientais.

A integração digital entre os diferentes elos da cadeia logística é um dos grandes objetivos, permitindo que portos, terminais, armadores, operadores logísticos e autoridades governamentais compartilhem informações em tempo real. Essa conectividade reduz gargalos operacionais, melhora a previsão de chegada e saída de embarcações e aumenta a competitividade dos portos brasileiros no mercado internacional.

Também há o avanço em importantes obras de infraestrutura, com projetos de ampliação de calado, dragagem em portos estratégicos e novos acessos logísticos. Esses projetos são essenciais para que os portos brasileiros consigam receber embarcações de maior porte e reduzam os tempos de atracagem.

Atualmente, a capacidade limitada de alguns portos para receber essas embarcações é um gargalo que reduz a competitividade do Brasil no mercado global. Melhorias em portos como Santos, Paranaguá e Itaqui estão entre as prioridades, garantindo maior eficiência no escoamento de cargas agrícolas e minerais, dois pilares das exportações brasileiras.

Mais sustentabilidade para o setor

Outro fator que impacta significativamente o setor portuário é a implementação de práticas sustentáveis, alinhadas às diretrizes globais de ESG (ambiental, social e governança). A agenda ambiental exige que os portos se adaptem para reduzir emissões de gases de efeito estufa, implementar sistemas de gestão de resíduos e adotar fontes de energia renovável. No Brasil, iniciativas como o uso de eletrificação em equipamentos portuários e a instalação de painéis solares nos terminais são exemplos de como o setor tem buscado alinhar operações portuárias aos objetivos de sustentabilidade.

Em paralelo, o mercado de gás natural liquefeito (GNL) também influencia mudanças no setor portuário brasileiro. O aumento da demanda por GNL como uma alternativa energética menos poluente tem levado à construção de terminais específicos para esse tipo de combustível.

O setor portuário brasileiro está, portanto, diante de uma encruzilhada de oportunidades e desafios. A modernização da infraestrutura, aliada à digitalização e às práticas sustentáveis, promete transformar profundamente a operação dos portos, tornando-os mais eficientes, competitivos e ambientalmente responsáveis. Com investimentos significativos e a implementação de tecnologias avançadas, o Brasil tem a chance de se consolidar como um líder global em logística portuária, atendendo às demandas crescentes do comércio internacional e contribuindo para o desenvolvimento econômico sustentável do país.

Sobre a TÜV Rheinland

A TÜV Rheinland é sinônimo de segurança e qualidade em praticamente todas as áreas dos negócios e da vida. A empresa opera há mais de 150 anos e está entre os principais fornecedores de serviços de testes, inspeções e certificações do mundo. Possui mais de 22 mil funcionários em mais de 50 países e tem um faturamento anual de mais de 2,4 bilhões de euros. Os especialistas altamente qualificados da TÜV Rheinland testam sistemas técnicos e produtos em todo o mundo, apoiam inovações em tecnologia e negócios, treinam pessoas em diversas profissões e certificam sistemas de gestão de acordo com padrões internacionais. Ao fazer isso de forma independente, promovem a confiança nos produtos e processos em cadeias globais de valor agregado e no fluxo de commodities. Desde 2006, a TÜV Rheinland é membro do Pacto Global das Nações Unidas para promover a sustentabilidade e combater a corrupção.

Paulo Cintra

Diretor Regional de Serviços Industriais da TÜV Rheinland na América Latina

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*Todo o conteúdo contido neste artigo é de responsabilidade de seu autor, não passa por filtros e não reflete necessariamente a posição editorial do Portogente.

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