Gerson Mineo Sakaguti é diretor de Captação e Câmbio da SRM
Após quase quatro anos, a taxa Selic chegou à marca de um dígito no mês de julho. Ainda assim, a expectativa dos economistas é de que os cortes sigam rotineiros nos próximos meses e levem o índice, até o fim de 2017, a algo próximo de 7,5% ao ano - ou até mais baixa, dependendo a projeção. A tendência deve ser encarada de forma positiva pelo mercado e pode proporcionar ótimos rendimentos a quem souber investir de forma precisa.
Em primeiro lugar, vale apresentá-la sem “economês”: Selic significa Sistema Especial de Liquidação e de Custódia. Esse índice representa a taxa de juros seguida por bancos nos empréstimos overnight (ou seja, operações que duram apenas um dia), cujas garantias são os títulos públicos. Por isso, há quem a chame de “taxa básica”. Quem define as variações é o Copom (Comitê de Política Monetária), órgão composto por membros do Banco Central.
O índice existe desde 1996 e já chegou a ser de 45% ao ano. Em poucas oportunidades, ele esteve abaixo dos dois dígitos, o que torna o momento atual mais especial. Para que haja tendência de queda, é esperado que a economia tenha inflação controlada, como acontece no cenário de hoje após um longo período de alta. Quando o governo aumenta esse indicador básico, entende-se que as tarifas para empréstimos acompanharão esse crescimento e ficará mais caro obter crédito no país. O efeito direto é a redução do consumo, forçando uma queda dos preços no mercado com a lei da oferta e demanda.
Já quando a Selic baixa, o resultado esperado é inverso: com a segurança de que a inflação está controlada, o crédito é incentivado e, assim, o consumo encontra condições para crescer, gera empregos e movimenta o comércio. Portanto, podemos entender que o Banco Central sente confiança de que a economia, hoje, pode se desenvolver de forma sólida e o risco de uma disparada inflacionária é baixo.
Diminuir o indicador sem cautela trouxe consequências ruins para o mercado brasileiro no passado, mas hoje há um consenso de que o contexto está favorável. Sendo assim, podemos sentir otimismo de que a recessão está ficando para trás e, embora tenhamos muito entraves políticos e estruturais, os próximos meses devem ser positivos. Por outro lado, muitos investidores podem estar de certa forma descontentes: fundos com rendimentos ligados à Selic estão entre os mais populares do país (aliás, a própria poupança rende menos quando a taxa básica está menor que 8,5%).
Mas sempre há opções rentáveis, o segredo é fazer a leitura do cenário econômico e aportar o dinheiro nas aplicações corretas. Por isso, o momento é oportuno para buscar FICs (Fundos de Investimento em Cotas), que, resumidamente, são fundos que investem em cotas de outros fundos, com uma carteira bem distribuída e, assim, menos sensíveis a variações de índices como o IPCA ou a própria taxa básica de juros.
Participando de um fundo desse tipo, o investidor conta com a assistência de especialistas que acompanham as movimentações de mercado para se certificar sobre onde está a melhor rentabilidade. Essa ajuda de analistas experientes é fundamental. No entanto, é importante estudar bem em qual FIC se vai investir e analisar a sua média histórica de lucros e a solidez da instituição que o oferece.