Quinta, 21 Novembro 2024

Adilson Luiz Gonçalves*

Qual a melhor solução?

Pontes existem desde a pré-história, naturais ou improvisadas pela necessidade de transpor barreiras.

Londres teve seu primeiro túnel subaquático ainda no século XVIII.

No âmbito local, Prestes Maia, nos anos de 1950, já previa três ligações secas entre as margens do Canal do Estuário. Em 2010, o Governo do Estado propôs uma ponte estaiada na Ponta da Praia. Confrontados, os responsáveis alegavam que a solução túnel era inviável. Tempos depois, os mesmos atores propuseram um túnel imerso na região de Outeirinhos, que previa, inclusive, o enterramento da linha de transmissão da Usina de Itatinga, removendo a única barreira aérea física existente no canal. Também considerava a profundidade máxima prevista para o canal de navegação (17 m) e a transferência da tecnologia de túneis imersos, ao quais já existem em várias partes do mundo (Suécia-Dinamarca, Holanda, EUA, Hong Kong, Coreia do Sul etc.).

O projeto-executivo foi elaborado e licenciado, conciliando interesses do Estado e da Codesp. No entanto, havia impasses quanto a acessos terrestres e desapropriações. Infelizmente, o Governo Federal não proporcionou a contrapartida demandada por São Paulo. Sobravam recursos do BNDES para investimentos no exterior, mas não para essa importante obra de infraestrutura, no maior porto do Hemisfério Sul.

A proposta da ponte atual não é nova. A Ecovias já havia apresentado um estudo no final dos anos de 2000, em arcos. Ela voltou à voga recentemente, acenando com novas alternativas: metálica, extradorso e, agora, estaiada. A vantagem alegada é que a Ecovias propõe-se a executá-la em troca da prorrogação do prazo de concessão.

A perspectiva de que finalmente a ligação seca seja concretizada gerou inequívoco e compreensível entusiasmo, mas logo surgiram questionamentos sobre as implicações dessa solução em cenários futuros de expansão do complexo portuário e de novas atividades econômicas regionais a montante da obra.

Uma ponte com, no mínimo, 85 m de altura livre ou um túnel abaixo de 20 m de profundidade? Integrado às obras da entrada da cidade ou também conectando as avenidas perimetrais? Ligando rodovias, margens do porto, áreas urbanas ou ambas?

A construção de uma ponte é mais rápida e mais barata do que um túnel, afirmam alguns. Outros defendem que pontes estão sendo demolidas e substituídas por túneis imersos pelo mundo afora, sobretudo em áreas portuárias. Os navios são cada vez maiores. O porto precisa ser competitivo e uma instalação offshore ainda é utopia.

Com isso, uma discussão técnica tem sido progressivamente transformada numa disputa que beira ao extremismo do "ou é isso ou não é nada", em vez de ser aprofundada ou de alto nível, para não ferir suscetibilidades.

Talvez as maiores barreiras sejam: definir claramente os custos envolvidos nessas opções; e unir todos os níveis de governo e iniciativa privada na busca de uma solução ideal, replicável e plenamente sustentável em curto, médio e longo prazo.

O que impede que sejam chamados técnicos e empresas especializadas para estudarem objetivamente soluções conciliadoras?

Talvez o modelo de financiamento previsto para a ponte seja suficiente!

Reiterando o que Prestes Maia previa, serão necessárias várias ligações secas. O que se espera é que sejam as melhores soluções possíveis.

Quanto ao teletransporte... Bem, isso é para um futuro um pouco mais distante.

Adilson Unisanta
* Engenheiro, professor universitário (Unisanta) e escritor - membro da Academia Santista de Letras 

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*Todo o conteúdo contido neste artigo é de responsabilidade de seu autor, não passa por filtros e não reflete necessariamente a posição editorial do Portogente.

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