Por que a família da coreógrafa Deborah Colker foi constrangida pela Gol? Porque tratar passageiros como lixo não dá em nada.
Num avião que seguia de Salvador para o Rio, uma funcionária abordou a família, exigindo um atestado médico do menino. Theo sofre de uma doença chamada epidermolise bolhosa, não contagiosa. A pele, muito sensível, fica com bolhas e úlceras. O piloto avisou que não decolaria sem o documento. Policiais federais foram acionados. Tudo diante dos demais passageiros, que ficaram chocados.
Deborah afirma que a abordagem da tripulação foi “totalmente deselegante e despreparada”. A Gol faz isso porque pode. Vale o mesmo para a Tam. Elas formam um duopólio que faz com que você esteja obrigatoriamente na mão delas. A Tam tem 40% de participação no mercado, contra 36,3% da Gol. O resto é da Azul e da Avianca.
A Tam vende uma imagem pseudo-sofisticada para otários como nós. A revista de bordo, pretensiosa, sempre com um artista que voa de jabá na capa, repleta de erros grosseiros, é um contraste com a tortura da poltrona. A Gol, pelo menos, parou de contar aquela lorota de que era low cost.
“Não há espaço para a discussão de mais concorrência”, disse o presidente da Gol, Paulo Kakinoff, no ano passado. Como assim? As quatro empresas apresentaram agora um pedido ao governo para isenção temporária de tarifas. A culpa é da alta do dólar. Seria a única saída para não aumentar as passagens.
Kakinoff ligou para Deborah para se desculpar pelo ocorrido. A Gol soltou um comunicado atestando que sua intenção era “assegurar o bem-estar de todos os passageiros a bordo”. Também cravou que “cumpriu rigorosamente as recomendações do Manual Médico da IATA (sigla em inglês da Associação Internacional de Transportes Aéreos) e da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)”. Deborah mantém a decisão de entrar com um processo.
Companhias aéreas costumam frequentar as listas de empresas mais odiadas do mundo. Isso em países onde você pode optar entre mais de meia dúzia de nomes. No Brasil, você é obrigado a odiar as duas de sempre. Em compensação, tem direito a ver shows de prepotência, arrogância, crueldade e burrice.