Quarta, 05 Fevereiro 2025
Mulheres ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e à Comissão Pastoral da Terra (CPT) interditaram por três horas, na manhã de ontem, os dois sentidos da BR-101 Sul, na cidade de Gameleira, na Zona da Mata Sul. A manifestação feminina, que ocasionou um congestionamento de quatro quilômetros e uma fila de mais de 200 caminhões, queimou parte do canavial da Usina Estreliana, situada no município. O MST e a CPT alegaram que a usina plantou cana-de-açúcar em áreas de imóveis pertencentes ao Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra), cuja imissão de posse já teria sido concedida pela Justiça. Em todo o País, agricultoras ligadas a movimentos sociais também promoveram ocupações e bloqueios de rodovias em virtude do Dia Internacional da Mulher, comemorado hoje.

À frente do protesto, no quilômetro 162 da BR-101, as mulheres permitiram a passagem apenas de ambulâncias. Alguns doentes que estavam em carros particulares tiveram que esperar. A dona de casa Jaciara Francisca de Souza, 31 anos, tinha marcado a consulta da filha de quatro meses. “Somos mulheres também e estamos tendo o nosso direito negado. Minha filha tem uma consulta em Palmares (na mesma região). Ela está com bronquite.” Depois de esperar uma hora, Jaciara desistiu e retornou.

Grávida, a estudante Alene dos Santos, 16 anos, quase não conseguia passar pelo bloqueio. Ela também tinha uma consulta marcada em Palmares. “Temos que passar. Não é possível. Minha filha está mal e tem que ser atendida.” Depois de muita discussão, o MST liberou o veículo.

Um dos momentos de maior tensão ocorreu quando três carros-fortes se aproximaram do bloqueio. Eles carregavam dinheiro para distribuir em vários bancos da região. Apesar de os motoristas alegarem questão de segurança, não teve acordo. As mulheres se posicionaram na frente das viaturas e não permitiram a passagem. Elas utilizaram galhos de árvore e pneus queimados para montar a barreira. As Polícias Rodoviária Federal e Militar de Pernambuco não apareceram no local.

Pouco antes da liberação da via, por volta do meio-dia, um grupo de cinco mulheres entrou no canavial e ateou fogo. As chamas se alastraram rapidamente. Trinta minutos depois, o protesto foi encerrado.

Na tarde de ontem, por meio da assessoria de imprensa, a Usina Estreliana comunicou que os manifestantes invadiram e destruíram plantações de cana do Engenho Taquara, de propriedade da usina. “Todos os outros engenhos da Usina – Pereira Grande, Bela Feição e João Gomes – estão em pleno funcionamento, gerando emprego e renda para mais de 1.400 famílias.” O documento diz também que “essas badernas não encontram amparo nem na lei nem nas comunidades de Ribeirão e Gameleira, que estão do lado da ordem e do trabalho.” A Estreliana alegou que a Justiça já derrubou a imissão de posse. O Incra não se posicionou sobre o assunto.

Fonte: Jornal do Commercio - 08 MAR 07

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