O sistema de hidrovias no Porto de Santos (SP) virou uma lenda. É como o saci-pererê, todo mundo fala mas ninguém vê. Há mais de 10 anos esse assunto é tratado sem o menor sinal de fazer acontecer. Várias são as causas dessa imobilidade. Uma delas, e básica, é que os gestores indicados por Brasília desconhecem os caminhos da região do Porto.
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Atual presidente da Codesp, José Alex Oliva traz mais uma promessa no curso do transporte hidroviário. Todavia, bem distante de um projeto hidroviário possível para a bacia do complexo portuário santista. Mas se sair do papel pode promover um efeito demonstração que convença ser vantajoso fazer investimentos nessas aquavias. É preciso estender por água o porto às cidades vizinhas.
Enquanto as barcaças não chegam, os contêineres avançam por terra desordenadamente, à margem dos rios, e congestionando as vias de circulação rodoviária. O comércio tem pressa e não pede passagem. Esse crescimento desordenado e sem controle da Autoridade Portuária é fator que reflete negativamente na produtividade global, do produtor ao consumidor.
Quando ocorrem resistências na área de transição de modais, entre os transportes terrestre e o marítimo no entorno do Porto, elas se refletem em desarranjos de programação de armazenagem e nos tempos de esperas dos navios. Geram prejuízos de altos valores.
Por ser uma região estreita entre o Oceano Atlântico e a Serra do Mar, o tráfego congestionado de caminhões em função do porto justifica as hidrovias em distâncias de no máximo 30 quilômetros. O ganho de escala se dá ao se deslocar grandes volumes em menor tempo e sem impactar o fluxo urbano.
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No entanto, como a pedra no caminho do Drummond, dos cinco rios ligados ao Porto de Santos, quatro são atravessados por pontes com alturas que em maré alta não permitem sequer a passagem de pequenas lanchas. E os prefeitos das quatro cidades de origem desses rios ainda não perceberam a riqueza dessa conexão ao mais importante porto do Hemisfério Sul. Tristes realidades da lenda.
* Saci por Ziraldo