Para o presidente do Clube de Engenharia, Pedro Celestino, sim, o País não só está à venda, mas em liquidação. A entidade, fundada em 1880, está imbuída, junto a outras entidades profissionais da área, em denunciar o que definem como desmonte do desenvolvimento nacional. Diz Celestino, em artigo recente: "O governo Temer, desde que assumiu, sob a justificativa de resolver pretensa crise fiscal, dedica-se a propor e implementar o desmonte sistemático das conquistas econômicas e sociais das últimas oito décadas, que levaram nosso país a passar da condição de mero exportador de produtos primários à de uma das maiores economias do mundo."
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Não à liquidação do futuro
Para ele, o discurso governamental alardeia, propositalmente, uma crise fiscal para "impor como única saída a venda, a toque de caixa, de ativos estratégicos indispensáveis ao nosso desenvolvimento. Compromete-se o futuro do país nas próximas décadas". Estão nessa "barca", ainda segundo o profissional, a desfiguração do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), hoje o principal indutor do desenvolvimento industrial nacional; a aceleração do desmonte da Petrobras, fatiada para que passe apenas a ser produtora de óleo, e amplia-se a venda a petroleiras estrangeiras das reservas do pré-sal; propõe-se privatizar as hidrelétricas da Eletrobrás e entregar ao “mercado” a responsabilidade de organizar o sistema elétrico; na mineração, três recentes Medidas Provisórias reformulam o marco regulatório do setor (Código de Minas), extinguem o Departamento Nacional da Produção Mineral (DNPM) e reorganizam a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), tudo com o propósito explícito de desnacionalizar o aproveitamento dos nossos recursos naturais.
Celestino prossegue em seu ponto de vista sobre a "liquidação" brasileira: "Ciência, tecnologia e educação são desorganizadas, e encaradas como negócio a atrair crescente apetite estrangeiro. O Sistema Único de Saúde (SUS), único meio de acesso popular à saúde e a medicamentos, é esvaziado para que seguradoras estrangeiras passem a “cuidar” da área. Por fim, várias medidas anunciadas e em vias de implementação atingem a soberania brasileira, entre as quais se destacam a privatização do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações (SGDC); a emenda constitucional que elimina o monopólio da União nas atividades de exploração, pesquisa e produção de energia nuclear; e o corte de verbas no âmbito do Ministério da Defesa prejudicando o andamento de projetos estratégicos, como o submarino a propulsão nuclear, o projeto Sisfron e aquisição dos caças para a Força Aérea."
Pela análise do presidente do Clube de Engenharia, não sobrará nada para o País e para a sociedade brasileira.