Fotos: José Mário Alves Silva
Caminhões "ilharam" as cidades da Baixada Santista, onde fica o Porto de Santos.
O discurso é um. A realidade é outra. Sábia experiência de vida. Nos últimos meses, os governos – federal e estaduais – esforçam-se em garantir que não haverá estrangulamento de rodovias por conta do escoamento da safra agrícola 2013/2014 brasileira de 193,6 milhões de toneladas de grãos, mais uma vez recorde. Há pouco tempo, o próprio ministro dos Transportes, César Borges, disse que o país tinha condições de oferecer a logística necessária para o escoamento mais rápido e barato para produção. No mesmo tom ouvimos os ministros dos Portos (SEP) e da Agricultura (Mapa), respectivamente, Antônio Henrique Silveira e Antônio Andrade. Todos falaram numa determinação governamental de juntar os três ministérios para discutir soluções para o escoamento.
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Todavia, viu-se bem claramente a tal da solução nesta terça-feira (18/02), onde os caminhões que se dirigiam ao Porto de Santos – o maior da América Latina e o principal escoador de grãos no Brasil – simplesmente “trancaram” a saída das cidades da Baixada Santista em direção à capital paulista, e vice-versa. E isso quando se está apenas no início da temporada.
Nas primeiras horas da manhã desta terça-feira (18/02) ninguém conseguia sair ou entrar nas cidades
da região onde fica o maior porto do País, por onde passa a maior parte da safra agrícola nacional
Às 12h41, ainda de terça, a concessionária das rodovias que dão acesso ao complexo portuário da Baixada, a Ecovias, informava que a “Cônego Domênico Rangoni, sentido Guarujá, segue com tráfego congestionado do km 270 ao km 262, devido ao excesso de veículos comerciais para acessar os terminais portuários”.
E prosseguia: “O trânsito continua lento no sentido litoral da Anchieta, do km 36 ao km 40, em São Bernardo do Campo e na chegada a Santos do km 63 ao km 65, por causa do excesso de veículos. Em direção à capital, o motorista encontra lentidão do km 56 ao km 55, pelo mesmo motivo.”
Secretaria de Portos fala que vai multar terminais portuários que não respeitaram
agendamento de entrada de caminhões no porto. É ver para crer
Nesse imbróglio que virou a logística nacional tem papel especial, também, os empresários do setor portuário, dos terminais. A impressão que dá é que também nessa área existem as “torres de marfim”, com seus intocáveis e encastelados. Quem ainda ousa em falar em competitividade do produto brasileiro? Quem ainda ousa falar em respeito à população do entorno dos portos nacionais?
Infelizmente, a impressão que dá é que tem muita gente “enricando” com os históricos gargalos logísticos que pipocam no território tupiniquim.