Brasil vive momentos contraditórios, próprios da economia que dita as regras no mundo. Ao mesmo tempo em que sua economia foi parcialmente blindada das crises financeiras mundiais, desde 2008, o país vive a contradição de não conseguir se olhar bem no espelho. Por isso, de forma tímida, agora, começa a querer impor regras “extra” legais, ou acima das leis nacionais, tentando proibir o tal do “ir e vir” – preceito altamente consagrado pela Constituição de 1988, que, recentemente, completou 25 anos de vida.
É o que se vê com decisão judicial (?) que proibiu o encontro de jovens da periferia em shopping da Capital paulista. Dão a isso o nome de “rolezinho”, sem isso significar qualquer tipo de transgressão da lei. São apenas encontros marcados por esses adolescentes pelas redes sociais.
O site jornalístico Brasil 247 falou sobre o assunto, neste final de semana. Lembrou que a lei é clara: “Define como crime "recusar ou impedir acesso a estabelecimento comercial, negando-se a servir, atender ou receber cliente ou comprador" e as penas de reclusão variam de um a três anos.” Todavia, parece que as leis brasileiras foram feitas para alguns quebrarem ao sabor de suas conveniências econômicas e preferências sociais e de classe; e os demais – a maioria da sociedade brasileira, aliás – “sentirem” a lei no lombo.
No último sábado (11/01), seguranças do shopping JK Iguatemi, do empresário Carlos Jereissati, fizeram uma triagem para definir quem poderia entrar e quem deveria ficar de fora do estabelecimento. Segundo o Brasil 247, “no segundo grupo, estariam todos aqueles que tivessem aparência de jovens da periferia, ou seja, pardos ou negros”.
A discriminação rolou solta em outro local comercial paulistano, como descreve o site: “Tão grave quanto o ocorrido no JK Iguatemi foi o desfecho do "rolezinho" no shopping Itaquera, na zona leste de São Paulo. Lá, os jovens foram agredidos com cassetetes e balas de borracha pela polícia, sem que tivesse havido qualquer registro de violência.”