A instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras repousa numa gaveta do presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), desde agosto último. O requerimento para tal já foi lido em plenário e recebeu adesão bem acima do exigido regimentalmente pela Casa, mesmo assim o assunto não ganhou prioridade. Solicitada para investigar uma transação da petrolífera brasileira em solo estadunidense, envolvendo alguns milhões de dólares, a CPI, todavia, pode “engordar” em termos de situações que fogem ao controle da transparência e dos bons costumes econômicos. Longe do que muitos imaginam, esse tipo de situação nebulosa – para se dizer o mínimo – tem sim reflexos diretos no dia a dia da sociedade brasileira.
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Nesta terça-feira (17/12), a Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, que investiga a suspeita de sobrepreço pago pela Petrobras Biocombustível na compra de usinas de biodiesel, realiza audiência pública para tratar da questão, por solicitação do deputado Luiz Carlos Heinze (PP-RS). O negócio aconteceu em setembro de 2009, a Petrobras pagou R$ 55 milhões na compra de metade da Indústria e Comércio de Biodiesel Sul, a BSBios, em Marialva, no Paraná. Dois anos depois, a estatal teria pago mais R$ 200 milhões na aquisição de metade de outra unidade da BSBios, em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul. Segundo Heinze, esses montantes pagos pela Petrobras estariam acima do valor de mercado e seriam suficientes até para a construção de duas novas usinas.
"Se eu for construir hoje uma usina de biodiesel do porte da que a Petrobras comprou, seria um valor bem menor do que o valor que pagaram por 50% da empresa. Então, o que eu quero do ministro de Minas de Energia e do presidente da Petrobras Biocombustíveis é uma explicação: por que aconteceu esta compra e qual a razão de termos um valor bem maior que o preço de mercado?", questiona o parlamentar.