Segunda, 18 Agosto 2025

Editorial | Coluna Dia a Dia

Portogente

Santos tem um porto e o Porto tem uma cidade (dito popular)

download4pg Foto: Manipulada e gerada por IA

As cidades portuárias têm uma relação complexa e multifacetada com as atividades do seu porto. Esse cenário dinâmico, que hoje reflete num crescendo a automação da movimentação de cargas, traz impactos diretos: ameaça antigos postos de trabalho, intensifica o fluxo de mercadorias e exige a implantação de logísticas mais ágeis. É uma realidade que demanda urbanização não apenas como infraestrutura física, mas como processo sociocultural, econômico e político. Foi nesse contexto que o Portogente entrevistou Bruno Galoti Orlandi, Secretário Municipal de Assuntos Portuários e Emprego de Santos. Advogado com sólida atuação no setor portuário, vereador eleito em Santos e professor universitário. Bruno defende um princípio simples e decisivo: Porto e Cidade devem caminhar juntos. Em seus números, essa relação ganha peso: o Porto de Santos é responsável por 37 mil empregos diretos, ou seja, 1 em cada 5 santistas trabalha na atividade portuária. Considerando os indiretos, o número chega a 50 mil trabalhadores.

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Segundo Bruno: para entender essa realidade e transformá-la em políticas públicas eficazes, a Secretaria atua sobre dois pilares: escuta ativa e articulação. A rotina inclui reuniões com comunidades, sindicatos e o setor produtivo para captar desafios reais e transformá-los em ações concretas. Um exemplo é o Mutirão do Emprego, que só em 2025 já encaminhou 2.500 pessoas a processos seletivos, com quase mil vagas oferecidas. Trata-se de alinhar as oportunidades de trabalho às demandas do mercado — e não de forma genérica, mas direcionada. O significado prático e desafiante da expressão mundial: relação porto-cidade. Assim, compondo a pauta sustentabilidade, essencial para o futuro portuário e urbano, que faz parte e está no centro dessa gestão. Santos é signatária do Manifesto ESG do Porto de Santos e conta com um ecossistema acadêmico que precisa ser mais integrado às decisões estratégicas. Como lembra Bruno, as universidades e centros de pesquisa locais são aliados naturais na construção de soluções sustentáveis e inovadoras, ainda mais em uma região que tem atrasos na adoção de energia limpa, como a solar e a eólica.

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Na delicada e urgente questão da regionalização do Porto de Santos, Bruno é claro: a participação efetiva do município no Conselho de Autoridade Portuária (CAP) é indispensável para que os investimentos portuários se revertam em benefícios para a população. Mais do que um debate administrativo, trata-se de garantir que o crescimento econômico esteja vinculado ao desenvolvimento social. O projeto da Zona de Processamento de Exportação (ZPE) é apresentado como um passo estratégico para integrar porto, indústria e cidade. Com benefícios fiscais e aduaneiros, a ZPE pode atrair investimentos e agregar valor à produção, desde que acompanhada de políticas urbanas voltadas à mobilidade, qualidade de vida e inclusão. É, segundo o Secretário, uma oportunidade para colocar as pessoas no centro do planejamento.

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Esse horizonte se amplia com o Corredor Bioceânico, que vai ligar os oceanos Atlântico e Pacífico pelos portos chilenos de Antofagasta e Iquique, previsto para 2026. Esse projeto poderá reposicionar o Porto de Santos como protagonista do comércio entre América do Sul e Ásia. Porém, para aproveitar esse potencial, será preciso enfrentar desafios logísticos, como a adaptação para receber navios de maior calado. Portogente entende que a experiência internacional mostra caminhos. Em portos como Antuérpia, Hamburgo e Roterdã, as decisões estratégicas são tomadas com a presença conjunta de autoridades portuárias, municipais e legislativas — um modelo de governança que Santos pode adotar, um tema de debate inadiável e oportuno no tempo eleitoral, e que Portogente propõe ao secretário Bruno incluir na sua robusta pauta.

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O recado amplo de Bruno e destaque da entrevista é claro: integrar Porto e Cidade não é apenas uma aspiração política, mas uma necessidade econômica, social e ambiental. É essa convergência que poderá transformar o Porto de Santos, mantendo-o competitivo e, ao mesmo tempo, conectado ao bem-estar da sua cidade. Oportuno lembrar: o Porto de Santos promoveu o processo de desenvolvimento da cidade e região, que hoje se tem a resultante, a partir da instalação da sua direção na Companhia Docas de Santos, na Avenida Rio Branco, no Rio de Janeiro, no tempo da Inteligência Artificial. Hoje, como há muito acontece com as cidades dos principais portos mundiais, Santos tem que conquistar a Regionalização do seu Porto.

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🎤 Entrevista Exclusiva com Bruno Orlandi

download3 Secretário de Assuntos Portuários e Emprego de Santos

❓ Pergunta — Portogente:

Convém ao principal porto do Hemisfério Sul, o de Santos, ter o tema Porto & Cidade como propósito de uma cultura inovadora, de modo a dar soluções para problemas de uma região com um rico ecossistema junto à atividade portuária, de históricos graves acidentes ambientais. Qual a prioridade da dimensão humana na sua gestão dos projetos portuários?

💬 Resposta — Bruno Orlandi:

É fundamental que o Porto e a Cidade caminhem juntos. O porto não pode ser visto como um elemento isolado da vida urbana, especialmente em uma cidade como Santos, onde o impacto da atividade portuária é direto no cotidiano da população. A dimensão humana é central na gestão do Prefeito Rogério Santos. Estamos atentos às questões de saúde, mobilidade, geração de emprego e capacitação profissional. Hoje, o Porto de Santos é responsável por 37 mil carteiras assinadas, isso significa que 1 a cada 5 santistas trabalham diretamente no maior porto do Hemisfério Sul. Se considerarmos as atividades indiretas, esse número chega aos 50 mil trabalhadores. Uma cidade portuária precisa garantir que os desenvolvimentos logístico e econômico também tragam bem-estar à população, e é nesse sentido que estamos trabalhando.

❓ Pergunta — Portogente:

Como secretário municipal de Assuntos Portuários e Emprego, quais programas o senhor tem para entender essa realidade e estabelecer metas objetivas e estimular a participação popular, na busca de resultados exitosos?

💬 Resposta — Bruno Orlandi:

A Secretaria Municipal de Assuntos Portuários e Emprego tem atuado de forma estratégica em dois pilares: escuta ativa e articulação. Realizamos reuniões regulares com representantes das comunidades, sindicatos e setor produtivo para entender os desafios reais e construir ações e políticas públicas. Um dos focos da pasta é promover qualificação e ofertar oportunidades alinhadas às demandas do mercado. Um exemplo concreto são os Mutirões do Emprego da Prefeitura, realizados mensalmente pelo Centro Público de Emprego e Trabalho (CPET). Somente neste ano, a iniciativa já encaminhou quase 2.500 pessoas a processos seletivos, com a oferta de 942 vagas. A ação reforça o compromisso da Prefeitura em ampliar o acesso ao mercado de trabalho e manter o diálogo direto com a população.

❓ Pergunta — Portogente:

Sustentabilidade é uma pauta universal que também diz respeito à relação do Porto de Santos e a Cidade de Santos, que tem um amplo campus universitário. Na sua gestão, pesquisadores e universidades serão estimulados no trabalho docente, como programa municipal?

💬 Resposta — Bruno Orlandi:

A sustentabilidade é, sem dúvida, uma pauta essencial, não apenas no porto, mas em toda a cidade. Nesse sentido, vale destacar que a Prefeitura de Santos, por meio da Secretaria de Assuntos Portuários e Emprego, é signatária do Manifesto ESG do Porto de Santos, que une governo e empresas em torno do compromisso com práticas mais sustentáveis e socialmente responsáveis. Considerando que Santos conta com um ecossistema acadêmico relevante, também é papel do Poder Público fomentar essa aproximação com universidades e centros de pesquisa.

❓ Pergunta — Portogente:

A administração é o fator que mais influi na eficiência do complexo portuário santista, muito mais do que a tecnologia. Qual a posição do município de Santos com relação à regionalização do Porto de Santos, ou seja, a gestão pelo Conselho de Autoridade Portuária – CAP?

💬 Resposta — Bruno Orlandi:

Acreditamos que a gestão portuária precisa considerar os impactos diretos sobre a cidade, e que a participação efetiva do Poder Público local, por meio do CAP, é essencial para garantir que os investimentos portuários sejam revertidos em benefícios também para a população santista.

❓ Pergunta — Portogente:

Ao encarnar que o ideal político nega a subjetividade das imposições, alimenta os desejos alternativos e abre horizontes, como realizar o sonho do Porto indústria e Cidade das Pessoas?

💬 Resposta — Bruno Orlandi:

Esse sonho começa com planejamento, diálogo e ações concretas. A implantação da Zona de Processamento de Exportação (ZPE) de Santos é um passo importante nesta direção: uma área destinada à instalação de empresas voltadas à exportação, com benefícios fiscais e aduaneiros, que pode atrair investimentos, gerar empregos e agregar valor à atividade portuária. Ao mesmo tempo, é preciso garantir que o desenvolvimento industrial caminhe junto com políticas urbanas que coloquem as pessoas no centro, com mobilidade, qualidade de vida e oportunidades.

O Portogente agradece ao secretário Bruno Orlandi pela disponibilidade e clareza nas respostas, reafirmando nosso compromisso em fomentar o diálogo construtivo entre o Porto e a Cidade de Santos. Seguimos empenhados na busca por soluções que unam desenvolvimento econômico, sustentabilidade e qualidade de vida para todos os santistas e forâneos.

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*O Dia a Dia é a opinião do Portogente

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