Segunda, 05 Mai 2025

O transporte de cargas criou uma economia global em que mais gente vive com mais conforto do que em qualquer época da história. (Greg Clydesdale)

Por muitos anos comentada, a profundidade do Porto de Santos virou mais um caso de promessa frustrada. Assunto de debates, no entanto, sem que se construa uma ideia dotada de relevância e propósito, porque para converter dados em informação é preciso conhecimento que, no caso, depende de ventos políticos para ser oportuno. Além disso, as decisões impulsionadas pela atração de investimentos não têm sido focadas na condição básica de acesso ao porto por mar. Entretanto, estabelecer condições para receber os navios da nova geração de porta contêineres, que vêm crescendo em tamanho para reduzir o custo do frete, é prioridade para possibilitar o contêiner chegar no terminal portuário com tempo e custo competitivos. Daí os principais terminais portuários no mundo também crescerem em tamanho e capacidade, em dimensão maior do que se assiste no complexo portuário de Santos. Abrindo o debate dessa questão, de modo a colocar luz nesse complexo e urgente tema, Portogente entrevistou o presidente da DTA Engenharia, o Engenheiro João Acácio Gomes De Oliveira Neto, competente profissional da engenharia portuária, com longa e exitosa carreira neste setor.

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Opinião do Engº João Acácio Gomes De Oliveira Neto, sobre a situação operacional do Porto de Santos:

Dos altos dos meus 71 anos com 50 dedicados à engenharia costeira e portuária, desde os idos de 1.974 a 1.978 nos bancos da Escola Politécnica da USP e, depois, por um ano na Delft University-Holanda, posso lhe assegurar que os portos precisam ser EXTERIORIZADOS. A engenharia evoluiu muito, as tecnologias, as máquinas e os materiais também; os navios cresceram e seguirão crescendo, e não há mais razões para se fazer portos em áreas abrigadas ou estuarinas apenas se aproveitando da natureza!

O homem tem que construir abrigos, buscar profundidades naturais, levar os modais aos big ships (e não o contrário), soluções muito mais baratas do que conviver com incansáveis, repetitivas, caras e intermináveis obras de dragagem.

No caso de Santos é inexorável a sua exteriorização, e o ex-ministro Márcio França soube abordar e explorar de forma clara, objetiva e contundente essa tendência mundial, como Roterdã; Shangai e outros!

Onde será esse porto, se ali ou acolá, é tarefa de engenheiros competentes, mas um fato é evidente para quem enxerga um pouco além: O PORTO DE SANTOS PRECISA SER EXTERIORIZADO PARA CUMPRIR A SUA NOBRE MISSÃO PELOS PRÓXIMOS 100 ANOS

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A gestão de um porto, da magnitude do Porto de Santos, precisa identificar e entender as principais tendências e sinais estratégicos do setor, de modo a favorecer uma perspectiva comercial e formular um plano de ação para o porto facilitar a introdução de tecnologias modernas; assim, servir de base para um processo econômico próspero. As mudanças que estão se processando no Porto de Santos e em demais portos do Brasil, estão muito mais afetadas pela conjuntura mundial do que podemos perceber, despertando interesse não só de grupos empresariais, políticos e trabalhadores, mas também de estudiosos em outros países. Portanto, a análise atual da posição dos portos brasileiros no cenário global será afetada pelo conhecimento da conjuntura de cada seu segmento (trabalhadores, sindicatos, administrações públicas e empresários) após a aprovação do PL nº 733/2025. Um processo que lida com a percepção e influência das tomadas de decisão, envolvendo altos valores de investimentos. Nesta circunstância, o futuro do Porto de Santos é por demais incerto no contexto do novo paradigma do comércio marítimo global: dos navios tecnológicos.

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O tema porto-indústria há muitos anos emerge nos debates portuários, por conseguinte no Porto de Santos. Entretanto, há uma carência de políticas industriais e portuárias conjugadas, focadas no fomento com êxito da participação intensa do Porto de Santos das cadeias globais de valor. Assim, baratear custos e intensificar o comércio marítimo, com práticas bem conhecidas a serem aprimoradas como projetos da comunidade portuária. Conceito este que é a essência da expressão Porto-Indústria, como definição de comunidade portuária forte, eficiente e unida. Neste caso, tem papel primordial o arcabouço do porto concentrador (Hub Port) estendido ao município de Praia Grande, um projeto para implantar o porto de água profunda, para operar os navios tecnológicos de grandes calados. Configuração, na qual tem destaque o papel do hub em redes, conectando junções entre rotas de transportes. Um projeto com a cara do pujante Estado de São Paulo, e como resultado da eficiência portuária, assegurar um destaque histórico potencializado do Porto de Santos entre os portos do Hemisfério Sul.

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Sob qualquer ângulo que se analise as questões postas sobre o acesso marítimo ao Porto de Santos e a construção do Porto Hub, a profundidade para receber os navios da última geração (big ships) é posta como prioridade. Trata-se de projeto de alta complexidade, com custo alto. Por isso, o seu entendimento e decisão exigem especialidade de nível técnico elevado. Ainda que seja o porto de maior movimentação de carga, do Hemisfério Sul, o Porto de Santos ainda possibilita melhorar muita a sua eficiência e atingir valores movimentados bem maiores que a sua marca atual. Assim, gerar riqueza e postos de trabalho, com eficiência operacional. A razão dos navios tecnológicos (big ship) de maior calado, é reduzir os custos do armador, principalmente, nas viagens de longo curso. No sentido de estruturar ideias e apontar caminhos para demonstrar a importância do Porto de Santos operar navios de grandes dimensões, Portogente está aberto para manifestações de opiniões e exposições de visões sobre a construção do Porto de Santos de água profunda. Um debate em curso, amplo e na rede da Internet.

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*O Dia a Dia é a opinião do Portogente

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