Sábado, 21 Dezembro 2024

Quando a onda vem, destrói o que existia, como se para reconsruir muito melhor.

Ela vai e volta, com o sopro do vento, a força da água, um empurraozinho da Lua. É sempre diferente, mas também é sempre a mesma. Às vezes, um pouco mais forte, mais alta, mais rápida, logo se acalmando, para retornar forte como uma borrasca. A paisagem volta ao que era. Ainda assim, sempre um pouquinho mudada. Mas não, não é poesia, nem é exatamente sobre ondas o tema de hoje.

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Vista aérea de Itajaí, que volta a ser administrado por Brasília / Foto: divulgação/PortodeItajai.com.br

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O assunto nem deveria ser problema, se o script da cena apenas se adaptasse ao momento e, conforme o vento mudasse, esse vaivém apenas acomodasse, sem sustos ou contratempos, uma realidade mutante, para que parecesse imutável. Não é o que ocorre, entretanto.

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Quando a onda vem, destrói o que existia, como se para reconsruir muito melhor. Só que isso não acontece. A onda se vai e o que fica é uma paisagem inerte, inútil, desmantelada. Não surgiram bases para reconstrução, não foi concluído o projeto, não foi edificada a obra. Por onde a nova onda passou, só restaram prejuízos.

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Entenderão: a cada poucos anos, algum iluminado chega com “novas” ideias, nem tão novas, nem tão adequadas para nossa realidade. Promete mudar tudo, começa a destruir a estrutura antiga, contrata a peso de ouro quem rascunhe um “paper” criticável mas que justifique o investimento. Embolsado o dinheiro inicial, as águas vão correr por outros caminhos, a incompetência não é punida e tudo fica esquecido. Até que venha a próxima onda, mudando tudo de novo.

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Se o Brasil, suas estruturas de transporte e comércio exterior fossem de onda em onda mudando numa mesma direção, tudo bem. Ainda que fosse devagar: dizem que assim se vai ao longe. O problema nacional é que cada onda quebra para um lado diferente, então as estruturas criadas não ficam de pé e as novas não têm tempo de se consolidar. O pior é que as ondas brasileiras não aproveitam a força das marés que movem outros mercados. Liberaliza-se quando outros estatizam, fecha-se quando eles abrem, sempre no descompasso do tempo. Parece que este País rema sempre contra a maré e assim nunca está pronto para aproveitar correnteza favorável que acelere o avanço dos navios.

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Pior: a cada mudança do vento, joga fora a experiência acumulada, começa do zero, eternamente recriando a roda. Roda que não roda, pois nem foi feita para rodar. Perde o investimento anterior, ou requer aditivo$ para adaptá-lo aos novos propósitos. Só que o investimento realizado precisa de um tempo para “amadurecer”: tudo fica parado até que a biruta mostre direção e intensidade do novo vento, para sentir se vale a pena alçar voo. Nesse voo de galinha, grandes oportunidades são perdidas (a concorrência agradece!).

Parece que o Brasil se espelha num verso de Caymmi: “Eu nasci assim, eu cresci assim, vou ser sempre assim”... Feliz Natal para todos os leitores!

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