Se o comércio internacional do Brasil quer continuar e expandir, os portos, por onde ele escoa, precisam adaptar-se às mutáveis condições do transporte nacional e internacional
De forma histórica e despachada, aproveitando a sua estada no fim de semana no litoral paulista, o presidente Jair Messias Bolsonaro tem programada visita, nesta segunda-feira (13/01), ao Porto de Santos. A iniciativa reveste-se de importância por diversas razões. Inicialmente, pelo papel relevante que representa o comércio marítimo internacional que passa por esse complexo portuário. Outro, por ser o mais importante porto do Hemisfério Sul. E por ser oportuno, como um gesto de governabilidade, quando está em pauta a urgente e complexa reforma dos portos.
Sede da Autoridade Portuária do maior complexo portuário do País e do Hemisfério Sul, na cidade de Santos.
Editorial
* Global carrier muda os portos do mundo
Por óbvio e como há muito vem sendo dito, o Porto de Santos deve ser o paradigma da reforma portuária. Devido à sua complexidade e ao fato de ter sido palco de tantos escândalos por corrupção - nem todos devidamente apurados ainda -, a sua reforma irá causar impactos positivos, especialmente para estimular investidores. Também é pouco provável que o presidente descarte o modelo landlord port pelas alegações de que “no Brasil se descumpre premissas que foram cruciais para o sucesso dos portos europeus”.
Leia também
* Sensatez do presidente Bolsonaro com os portos
Segundo a Conferência das Nações Unidas sobre o Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), apesar da tendência de queda da taxa de crescimento do comércio marítimo mundial, nos últimos dez anos, chegando a 2,8% em 2018, abaixo da média histórica de 3,0%, o transporte marítimo continua sendo o pilar de sustentação de mais de 80% do comércio de mercadorias em volume em todo o mundo. Geograficamente, analisado pela distância percorrida, o comércio marítimo se expandiu a um ritmo um pouco mais rápido do que na tonelagem movimentada. Ponto positivo à estratégia de mercado e ao novo tempo dos portos.
Editorial
* O debate da reforma portuária acontece aqui
Na tentativa de dirimir a dúvida que paira e prejudica o processo de modernização, convém ressaltar que os portos brasileiros são privatizados há muito tempo, como fator de produção. Entretanto, o porto moderno deve incorporar um processo de inovação de dentro para fora, ao qual o complexo portuário de Santos não aderiu até agora. Trata-se de um planejamento a longo prazo, descentralizado quanto determinante, com a missão de promover cadeias logísticas mais eficientes e confiáveis para serem competitivas. E que deverá reduzir ao mínimo a sua movimentação de sólidos a granel.
Artigo | Frederico Bussinger
* Planejamento esquizofrênico
Decerto a passagem do Presidente da República pelo Porto de Santos, como ponto de contato e para inspecionar a sobrecarga de problemas que assola o principal porto do País, sinaliza o início da solução. De outro lado, cabe aos interesses produtivo e operacional da comunidade portuária tomarem posição cooperativa e fazerem política, no sentido do “conjunto dos meios que permitem alcançar os efeitos desejados” (Bertrand Russell).