Qual o balanço que a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) faz hoje da sua campanha decisiva para a aprovação da Lei 12. 815/13, que dispõe sobre a exploração dos portos? Será que o empresário brasileiro terá capacidade para participar do porto do futuro? Interessa para o importador e exportador um porto monopolizado, na integração vertical da cadeia do armador ou do terminal a jusante? Está em jogo a cartelização dos terminais portuários, a competitividade do produto brasileiro no mercado internacional e o desenvolvimento econômico e social do País, com a chegada do porto digital.
O setor de contêineres, o de maior valor agregado, será o palco onde melhor visibilidade terá a inovação portuária. A novela em cartaz do caso da Libra Terminais, no Porto de Santos, é emblemática. A venda para um armador estrangeiro é a saída mais auspiciosa para os Torrealba, acionistas majoritários da empresa. Neste mesmo porto, os terminais de contêineres com maior produtividade e competitivos são os de armadores globais. Assim como a MSC detém o controle societário no terminal da Portonave, em Navegantes (SC). &Eacut e; o navio demandando agilidade. Com potencial para crescer na movimentação de contêiner e atrair investimentos em infraestrutura, as logísticas dos portos brasileiros precisam se estruturar para gerar as condições necessárias à mudança de paradigma por meio da inovação tecnológica, preservando os interesses nacionais.
Leia mais
* Porto de Santos rumo a 2050
Trata-se de uma questão conjuntural, nacional e desafiante. De início, o Brasil sendo a 9ª economia mundial precisa melhorar a sua 86ª posição na relação dos 126 países inovadores. Porto do futuro é o porto da tecnologia 5G, a Internet das Coisas (IoT), na qual os robôs serão controlados e inteirados à distância; a máquina conversando com a máquina. Já está em curso uma revolução na movimentação portuária, introduzindo guindastes com controle remoto, carretas autônomas e outras inovações sistêmicas para agilizar a carga e a descarga de navios, bem como o controle das informa ções ao longo das cadeias logísticas portuárias em tempo real, para bem atender ao consumidor online.
Leia ainda
* Portos privatizados para melhorar a produtividade
Impraticável, no entanto, fomentar a chegada desse novo tempo nos portos do Brasil utilizando velhos conceitos gerenciais, que atrelam os objetivos e os tempos operacionais dos portos aos interesses e prazos dos mandatos políticos. Perder esse trem da história será um preço alto a ser pago pela sociedade: exportadores, importadores, trabalhadores e consumidores. Pois portos, como portas globais para o tráfego físico do comércio, terão também um papel de portos digitais, para interagir com o novo padrão de navegação e bem aproveitar as vantagens da tecnologia, para alavancar desenvolvimento.
Leia também
* Ministro vai tratar o caos do Porto de Santos
Após três meses de governo Bolsonaro, a Secretaria Nacional de Portos (SEP) transparece ter visão centralizadora e anacrônica, inadequada para o inadiável salto ao futuro dos portos. Falta interlocução com as comunidades portuárias, dos produtores às muralhas dos cais, para conhecer bem e se fazer conhecido. O ministro Tarcísio Gomes de Freitas à frente do ministério da Infraestrutura tem representatividade acolhida para bem cumprir essa gloriosa missão de realizar uma nova e holística abertura dos portos do Brasil, em uma transição suave, para a entrada celebrada do novo tempo da tecnologia. Razão dos feitos memoráveis.