É provável que definido o resultado do segundo turno da eleição presidencial no Brasil, a realidade vai alterar muito os discursos de campanha. O candidato que lidera hoje as pesquisas e tem maior chance de vencer mostra nas entrelinhas probabilidades inquietantes. Muito pouco provável Paulo Guedes conseguir se manter no posto de guru do presidente, sendo investigado por práticas fraudulentas em fundos de pensão de estatais. Não convém a um mandatário iniciar seu primeiro mandato como advogado de defesa de causa tão polêmica, envolvendo a aposentadoria custeada com a vida de trabalho e o bem-estar do aposentado.
Imagem: Pixabay.
Bolsonaro, se eleito, vai governar um país cujo pouco mais da metade dos eleitores elegeram-no porque desconfiam das instituições e deslegitimam a representação política. Ele foi escolhido, no entanto, para proteger esse segmento do País, em nome do interesse de todo o Brasil. Foi assim com Macron na França.
Os brasileiros há tempos vêm assistindo baterem na porta de poderosos às seis da manhã e não é o leiteiro. Era o japonês da Polícia Federal. É uma realidade nova, ver um presidente trancafiado na cadeia. Indubitável que se vivem crises que explicitam um continuado junho de 2013, potencializado pela Era Digital, como anúncio de um caos que precisa ser domado.
Decerto que o papel do Brasil no cenário internacional não atura mais perdas de tempo, e que só agravariam a situação que hoje esgarça o tecido social e o estado democrático. Sob a ótica de estrutura de poder, conceitos econômicos oriundos de universidades referenciais, porém superados por crises financeiras e comerciais globais passadas, podem ter falta de brilho necessário para lidar com um mundo moderno e inovador. Um mundo de tendência econômica convergente para a tecnologia, na moeda e comércio, ante uma tendência humana desejosa de ser diferente em questões de forte influência comercial, como etnia e cultura.
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O nosso potencial produtivo de commodities agrícola e mineral enfrenta resistências logísticas advindas de precária infraestrutura, principalmente por obras que se arrastam descumprindo cronogramas e custos. Nossos portos de gestão arcaica centralizada em Brasília sofrem uma crise de produtividade que se reflete na baixa competitividade do produto brasileiro no mercado internacional, como tem sido destacado no Portogente. Não menos complexo, para garantir competitividade da indústria na era digital vai demandar produção, disseminação, aplicação e preservação do conhecimento, como fruto de um programa.
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Trata-se principalmente de uma reforma da cultura de gestão em que o conceito de liberalismo, por si só, não assegura a compreensão de um Brasil moderno e divide opiniões nacionalmente, como no caso da energia. A renovação do Senado com apenas oito reeleitos, dos 54 renovados incluem 30% de cara nova. Na Câmara Federal foram releitos 251 deputados e dos 243 novos, 19 já participaram de antigas legislações. Contemplando esse cenário através de uma proposta de governo apresentada sem profundidade, resta saber como será tratada a questão prioritária de geração de emprego e renda, onde se trata com humanos agindo como humanos. Nisto habita o desafio maior de governar o País.