É de sobressaltar até as centenárias pedras dos cais do famoso Porto de Santos (SP), o rumo que vem tomando a "não explicação" do pagamento de R$ 18 milhões pelos quase R$ 5 milhões aprovados dos valores reclamados pela Dragabrás, que dragou o canal portuário santista. Por ter mantido a verdade em depoimento ao Tribunal de Contas da União (TCU), o engenheiro que negou a aprovação do pagamento absurdo foi retaliado. Ele foi deposto da gerência de Dragagem da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp).
Portogente encaminhou, em maio último, indagações sob o caso à Codesp, que fez "cara de paisagem". Ou seja, a imprensa continua sem as respostas necessárias nesse caso. Documentos obtidos pelo nosso jornalista Bruno Merlin trazem detalhes e análises esclarecedores, e que hoje são do conhecimento dos ministros dos Transportes, Portos e Aviação Civil (MTPA), Valter Casimiro Silveira; e da Casa Civil da Presidência da República, Eliseu Padilha.
Leia mais sobre o caso
* Codesp não explica R$ 18 milhões pagos à Dragabrás e retalia engenheiro
Sob a ótica da gestão pelo Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil (MTPA), a dragagem do Porto de Santos faz parte do Programa Nacional de Dragagem – PNDI/PAC, com custo de R$ 1,45 bilhão para dragar os portos brasileiros, dentro de um plano previsto totalizar R$ 3,8 bilhões em 2022. Os ministros responsáveis por boa aplicação de tais altos valores, ao se fazerem de desentendidos de fatos numérica e tecnicamente demonstrados absurdos, contribuem para o acirramento das dúvidas quanto a esse pagamento feito pela Codesp à Dragabrás.
A história recente do Brasil é abundante em exemplos de investigação de obras públicas com resultados que demonstram a intolerância com os desvios kafkianos. No entanto, a Codesp retalia em uma demonstração de que prefere não explicar o pagamento.
Diante de rumores também sobre a dragagem da Van Oord, de não ter feito o levantamento hidrográfico prévio que serve de base para medição do material dragado, é exigido também da Codesp esclarecimentos definitivos. Dar a devida transparência as suas ações é bem distinto de falar espetaculosamente da Lei da Transparência no site da empresa. É preciso, sim, que dela faça bom uso e não a descumpra, como transparece com a deposição do gerente de Dragagem. Nunca é demais lembrar a diretoria da estatal que lei é para ser cumprida.