Boa iniciativa da Agência Senado em fazer um texto sobre as novas tecnologias rodantes. Portogente é entusiasta das boas práticas sociais e sustentáveis. Por isso, vale reproduzir trechos do texto de Ricardo Westin, como fazemos a seguir:
"A greve dos caminhoneiros que paralisou o Brasil no final de maio deixou exposta a dependência do País em relação aos combustíveis. Os motoristas cruzaram os braços em protesto contra o preço elevado do diesel, e produtos que chegam às cidades pela estrada deixaram de ser entregues, incluindo gasolina, álcool e diesel. Sem combustíveis nas bombas, donos de carro ficaram a pé.
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Houve quem conseguisse atravessar ileso a crise de desabastecimento. Os brasileiros que têm carro elétrico não tiveram que enfrentar as filas quilométricas nos postos de gasolina. Seus motores funcionam graças à energia armazenada em baterias que se recarregam pela tomada, sem precisar de nenhuma gota de combustível.
Os donos de carro híbrido, por sua vez, sofreram relativamente pouco. Esses veículos rodam pela força de dois motores: um movido a combustível e o outro, a eletricidade. Não há necessidade de tomada. A energia produzida todas as vezes que se freia o carro é guardada numa bateria. O motor elétrico, alimentado por essa bateria, permite que o motor tradicional permaneça desligado durante parte do trajeto. Com 1 litro de gasolina, os híbridos conseguem percorrer, em média, 20 quilômetros — o dobro dos carros comuns.
Foram, porém, bem poucos os que escaparam da crise de maio. Nas ruas do Brasil, os veículos com a nova tecnologia não chegam sequer ao papel de coadjuvantes. São meros figurantes. De quase 1,9 milhão de carros novos emplacados no país no ano passado, em torno de 3 mil eram elétricos ou híbridos — menos de 0,2% do total. Segundo o governo, há 8 mil unidades do tipo em circulação.
Apesar do rótulo de novidade, faz duas décadas que o motor elétrico chegou ao mercado. O híbrido Toyota Prius foi lançado no Japão em 1997. Na Noruega, quase 30% dos veículos já são elétricos ou híbridos. Na Holanda e na Suécia, perto de 6,5% e 3,5%, respectivamente. No gigantesco mercado da China, 1,5% da frota está nessa categoria — nada menos do que 450 mil veículos.
O atraso do Brasil tem explicação: os carros elétricos e híbridos são vendidos no país a preços muito altos, o que assusta os compradores e impede a popularização. A versão híbrida do Ford Fusion e o elétrico BMW i3 custam a partir de R$ 160 mil. O Prius mais barato sai por R$ 130 mil. Como comparação, pode-se comprar um veículo 1.0, com motor a combustão, por menos de R$ 30 mil.
— Os países que decolaram na adoção dos veículos elétricos e híbridos só tiveram sucesso porque os governos concederam uma série de incentivos, como benefícios tributários, liberação de pagamento de pedágios, estacionamentos gratuitos etc. No Brasil, isso ainda não aconteceu — explica o presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), Ricardo Guggisberg."