Sexta, 22 Novembro 2024

Trata-se da operadora portuária Brasil Terminal Portuário (BTP), no Porto de Santos (SP), uma joint-venture entre dois grupos gigantes de operadores portuários mundialmente conhecidos, a APM Terminals e a Terminal Investment Limited (TIL). No website oficial constam os valores da companhia: “Temos um compromisso com a sustentabilidade do nosso empreendimento e também com a sociedade. Apoiamos a educação e cultura e respeitamos o meio ambiente, contribuindo dessa maneira para o desenvolvimento social e sustentável.”

No entanto, ao se relacionar com o município de Santos com o qual deveria ter uma relação harmônica, a imagem da empresa é manchada da pior forma. Apesar de nos dias de hoje ser difícil imaginar a obstrução de vias públicas, que prejudica e até inviabiliza a mobilidade das pessoas e, principalmente, das que têm algum tipo de deficiência física, como os cadeirantes.

BTP Semmobilidade 2 400Em tempos de tantas inovações e tecnologias avançadas, de meganavios, de guindastes ultramodernos, é quase voltarmos à pré-história vermos enormes postes de concreto plantados em vias urbanas. Essa foi a "solução" adotada para sustentar a linha de alimentação de energia do terminal da BTP. Esse trecho é a principal via de entrada à Cidade, de tráfego intenso e pesado e rota única de circulação pedestres, ligando a parte central e noroeste do município santista.

Fatores determinantes do caso de insucesso, onde a administração da empresa errou:

1- Postes plantados nas calçadas impedem a mobilidade de cadeirantes;

2- Uma rede de alimentação de energia ao terminal é uma estrutura relevante do projeto operacional, e está alinhada à estratégia de competitividade da empresa. Porém, mesmo seu custo representando percentual diminuto no custo total do projeto implantado, adotou-se uma solução de menor custo do que a conveniente, mais antiquada e impactante à mobilidade e à paisagem urbana;

3- Os postes plantados nas calçadas se transformaram em barreiras que obrigam os cadeirantes, por exemplo, zigue-zaguear entre exíguos espaços, ou subir e descer as calçadas para disputar passagem na pista junto com os carros, motos, ônibus e carretas.

Qualquer remedeio vai manchar mais a imagem da BTP. Fazer o que deve ser feito, o envelopamento subterrâneo, é a única forma de resgatar a imagem que diz ter a empresa. Isso vai gerar custos adicionais acarretados pelo desmonte da atual rede aérea de fios e retirada dos enormes postes na calçada. Ainda assim, a relação custo-benefício vai ser compensadora.

Postes e suportes de fios enormes sustentando cabos grossos para alimentar de energia o terminal portuário em região histórica da cidade polui a paisagem urbana de cidade turística.

A sustentabilidade social é um conceito amplo e desafiador. Uma cidade deve atender essas demandas, entre as quais se destaca ter espaços convidativos, que sirvam como cenários atraentes para quem circula por seus espaços urbanos.

É fato, os postes que sustentam a rede de energia que alimenta o terminal da BTP contribuem para a degradação da paisagem da principal entrada de Santos. Reduz a segurança do pedestre. Prejudica o paisagismo da região. Assim, piora a imagem viva da região que precisa reverter sua degradação estética.

Onde a BTP errou?

Não obedeceu na totalidade os princípios que norteiam a execução de um projeto e determinam o seu padrão de qualidade. Nesse sentido a linha de alimentação de energia do terminal, mal comparada, em um projeto dessa dimensão se assemelha à uma gambiarra. Com consequências degradantes na estética e mobilidade das pessoas. É óbvio que os agentes de governança da BTP deixaram de zelar pelo capital ambiental ao impactar, sem necessidade, o ambiente em torno do terminal.

O papel da Prefeitura Municipal de Santos

O impacto e os transtornos causados pelos postes de alimentação de energia da BTP, por sua localização, tornaram-se um cartão de visita manchado. Devido à localização em avenida que todos passam ao entrar e sair da Cidade, nenhuma autoridade municipal desconhece a irregularidade.

Conclusão

Cabe questionar o Ministério Público do Meio Ambiente qual o posicionamento da entidade sobre os prejuízos à mobilidade das pessoas na cidade de Santos ocasionados pela instalação equivocada dos postes pela BTP.

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