Teve início nesta terça-feira, 13 de março, a 24ª edição da Intermodal South America, neste ano mais compacta porém muito bem instalada pela primeira vez no moderno São Paulo Expo, centro de convenções administrado pelo grupo francês GL events e inaugurado em 2016. Conforme adiantado pela UBM Brazil, organizadora do evento, foi perceptível a mudança de perfil entre os expositores. Chamou atenção o aumento da participação de condomínios logísticos, empresas de tecnologia da informação (TI), de softwares de gestão, segurança para operações logísticas e de equipamentos para a movimentação de carga. Perderam espaço, especialmente, companhias logísticas de porte médio, agentes de carga e grandes terminais portuários, tradicionais expositores da Intermodal. Impressionou, também, a grande quantidade de profissionais chineses presentes à feira. Nesse sentido, é imprescindível lembrar que a estatal chinesa CMPorts adquiriu 90% do Terminal de Contêineres de Paranaguá e a empresa de serviços logísticos TCP Log por R$ 2,9 bilhões. Além disso, o presidente Michel Temer (MDB) apresentou em território chinês um programa de privatizações voltado para a compra de ativos brasileiros nos setores energético, agrícola e de infraestrutura.
Perdidos na selva - Apesar da maciça presença de importantes executivos do universo portuário e logístico, o clima dos stands e das conferências foi bastante morno, consequência da indefinição política que deve castigar 2018 e da insegurança no ambiente de negócios. Empresários alegam não se sentir participantes da retomada econômica exaltada em verso e prosa pelo Governo Federal. Além disso, o Congresso Nacional deve votar com urgência o Projeto de Lei nº 8.456/17 - para aumentar a contribuição previdenciária sobre a receita bruta das empresas -, causando revolta no presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT), Clésio Andrade, que revidou ameaçando demissões em massa no setor transportador. Por fim, a insegurança também se estende para a movimentação de cargas, afinal a Associação Nacional do Transporte de Cargas & Logística (NTC) divulgou recentemente que os roubos de cargas registraram a inadmissível alta de 42% no Brasil nos últimos quatro anos.
Brasil Tomorrowland? - O Porto do Açu, localizado no nordeste do estado do Rio de Janeiro, utilizou seu stand na Intermodal para valorizar a parceria com o Porto de Antuérpia (Bélgica), um dos principais da Europa. O Terminal Multicargas do Porto nasceu de uma joint venture entre as duas companhias e tem capacidade para movimentar 4 milhões de toneladas de cargas, cuja navegação se dá em canal com 14,5 metros de profundidade. "Mais de 6,4 milhões de toneladas de frete são trocadas anualmente entre o maior país da América Latina e o Porto de Antuérpia. A parceria com o Porto do Açu confirma o forte compromisso de longo prazo de Antuérpia em relação com o mercado brasileiro", divulgou a Prumo Logística, que opera o empreendimento localizado na cidade de São João da Barra.
Galinha dos chips de ouro - Investir em infraestrutura custa caro, é demorado e envolve uma série de fatores complicados de controlar. Diante desse cenário complexo, a tecnologia surge como solucionadora de entraves - não que seja uma "salvadora da pátria". Ainda assim, o desenvolvimento de máquinas inteligentes, automação intensiva, sistemas cyberfísicos, inteligência artificial e computação cognitiva aparece como uma oferta atraente e promissora para o mercado logístico. Estas tecnologias estão revolucionando a logística no mundo e começam a fazer parte da realidade do mercado brasileiro. "Empresas como Google e IBM estão interessando-se e investindo no segmento logístico", disse ao público Jonas Mendes Constante, gerente de Projetos de Inovação da Fundación Valenciaport, da Espanha
Sem parar - Dentre as empresas que apresentam soluções tecnológicas de gestão para o setor logístico está a Repom, especialista em controle de pagamentos e recebimentos de fretes e pedágios no transporte rodoviário. O produto "Gestão de Pedágio" foi desenvolvido para atender às necessidades dos gestores de frotas de veículos leves e pesados. Nele, o cliente da companhia poderá gerenciar os gastos com pedágio por meio de relatórios com filtros inteligentes, cadastrar veículos e fazer outros tipos de controle online. "São soluções inovadoras que simplificam o dia a dia do gestor das empresas de transporte para a sua gestão e controle de gastos", comenta Thomas Gautier, diretor-geral da Repom.
Mini-China - Artigo de grande densidade histórica e técnica, publicado pelo colaborador Frederico Bussinger no Portogente, chama atenção para o rápido crescimento dos portos do "Arco Norte" brasileiro. Segundo ele, o complexo portuário Miritituba-Barcarena, no Pará, demonstra fôlego para seguir evoluindo exponencialmente e atrair a produção brasileiro de grãos, especialmente de soja, afinal tem localização mais próxima do que portos como Santos e Paranaguá em relação à América do Norte e à Europa. "Os portos do 'Arco Norte' aumentaram sua participação de 27,3% para 39,6%' o que equivale a cerca do triplo, em termos absolutos", escreveu, em referência aos envios de soja para o exterior. Especificamente sobre a área de Barcarena, Bussinger observa que o complexo vem experimentando "crescimento chinês": cresceu de 3,5 milhões de toneladas de movimentação de soja, milho e farelo em 2016 para 7,5 milhões de t em 2017, mais que dobrando as operações de um ano para o outro.