“Ligue seus motores” – é o convite feito pelo guia “Contagem Regressiva para as Eleições” publicado pelo banco americano de investimentos JP Morgan. O documento, preparado pelos economistas da instituição, considera que as eleições para a presidência da República no Brasil passaram a ser o principal tópico das conversas do banco com os investidores interessados no país.
É a terceira vez que o banco produz um guia sobre as nossas eleições – mas, nas edições anteriores, ele foi publicado um ano antes do início das campanhas.
“Desta vez, entretanto, a política vem vagarosamente se transformando na variável doméstica mais importante na visão do mercado e nós decidimos antecipar a publicação para responder a tantas perguntas que temos recebido, especialmente sobre quem são os candidatos e o que eles defendem”, diz o guia em sua introdução.
O JP Morgan considera que até recentemente a eleição presidencial era um “não evento”, com um vitória quase que garantida para a presidente Dilma Rousseff. Mas os protestos e o enfraquecimento da economia mudaram esse quadro. Para os analistas do banco americano, a corrida presidencial está aberta e há pouca visibilidade para apontar um vencedor.
“É a economia!”, frase que definiu a eleição nos EUA em 1992, com a vitória de Bill Clinton, cabe agora para o Brasil, na visão dos economistas do JP Morgan. “Foi a economia que levou a classe média para as ruas em junho. Neste momento, nós consideramos que três assuntos são importantes: quem são os candidatos, em qual contexto econômico a eleição vai acontecer e quais são os riscos para a direção da política econômica”, diz o documento.
O guia do JP Morgan lembra que na última eleição, em 2010, o PIB veio de uma recessão para um crescimento “chinês”, de 7,5%, o que facilitou a vitória de Dilma Rousseff e deu a ela a aprovação recorde nos dois primeiros anos de mandato. Agora, o quadro é outro.
“A realidade econômica dos últimos anos – crescimento abaixo do potencial e inflação perto do teto da meta – provavelmente vão persistir durante 2014. Os protestos recentes, a queda nos indicadores de confiança e uma resposta política limitada no front econômico não vão permitir uma retomada do investimento num futuro previsível”, avaliam os analistas do banco americano.
Os protestos têm força para provocar uma mudança nas eleições, na avaliação explicitada no guia. “Os tipos de demandas trazidas pelos manifestantes são questões relacionadas com reformas estruturais de longo prazo que não podem ser resolvidas em um ano eleitoral”.