A utilização de contêineres para o transporte de grãos de soja é uma prática pouco utilizada, porém tem sido a solução de algumas empresas brasileiras para diversificar sua atuação e ganhar espaço num segmento ainda pouco explorado pelos operadores logísticos de ferrovias: o dos pequenos produtores do grão - que é tradicionalmente transportado em vagões graneleiros.
A iniciativa foi idealizada a partir da percepção da oportunidade trazida pela combinação entre a expansão das importações e o desempenho tímido das exportações brasileiras de manufaturados.
Sem produtos para embarcar, muitos contêineres utilizados para trazer produtos industrializados do exterior acabam voltando vazios para seus locais de origem (principalmente a China), gerando custos para o frete e retorno.
De olho nessa disponibilidade de contêineres para exportação, a Brado Logística, por exemplo, decidiu investir R$ 50 milhões para entrar no mercado de movimentação de soja, açúcar e algodão em suas ferrovias. “A ideia surgiu da necessidade de diversificarmos os nichos de produtos transportados”, explica Charles Gularte, superintendente da Brado Logística no Paraná.
A nova alternativa é voltada principalmente a pequenos produtores do interior, cuja produção não é suficiente para viabilizar embarques em grandes navios de graneleiros. Rodrigo Vilaça, vice-presidente de Relações Institucionais da Associação Brasileira de Logística (Abralog), acrescenta que a opção também serve para soja de qualidade especial, que pode ir diretamente a produtores de alimentos e de produtos diferenciados. “Para não colocar no navio graneleiro, junto com todo tipo de grãos, o contêiner é uma alternativa possível para dar mais qualidade ao serviço, particularizando (a carga) para empresas também da Europa, que podem comprar uma quantidade menor”.
Outra vantagem apontada por Gularte é o fato de toda operação ser no interior, de onde o contêiner sai pronto para a exportação, eliminando uma parte do trânsito de caminhões nos portos. A Brado opera hoje em Cruz Alta (RS), em direção ao porto de Rio Grande (RS), em Londrina (PR), com destino ao porto de Paranaguá (PR), e em Alto Taquari (MT), em direção ao porto de Santos (SP). A meta da empresa é responder, inicialmente, por 1% do setor de exportação de soja, o que equivale a 15 mil contêineres por ano.