O início de uma obra deste porte se dá pela escavação dos poços de acesso. Esses grandes espaços são as portas para a obra subterrânea: quando vão virar uma estação, os poços possuem de 30 a 40 metros de diâmetro. Quando servirão como saída de ventilação, o diâmetro chega a 12 metros.
Cada poço de acesso possui algum tipo de guincho para fazer o transporte de carga entre a superfície e o subterrâneo. As gruas são estruturas em T e os pórticos têm o formato de um U invertido. Os usados na obra do metrô de São Paulo, por exemplo, suspendem até 50 toneladas.
Foto: Governo do Estado do Ceará
Obras estruturantes para circulação de metrô demandam muitos profissionais
Com o poço de acesso aberto, é hora de fazer o túnel de 9,5 metros de diâmetro por onde passarão os trilhos. Quando o terreno é rochoso, usam-se explosões para abrir caminho. Cada detonação avança em média 1 metro e solta até 300 toneladas de pedras, retiradas do túnel por caminhões.
As detonações usam um explosivo em gel. Para cada explosão, são necessários 70 a 140 kg de explosivos na forma de bisnagas, introduzidas em buracos na rocha feitos por uma perfuratriz hidráulica. A explosão gera um ruído de cerca de 130 decibéis, pouco mais que uma turbina de avião.
Alguns tubos importantes ligam a superfície ao túnel. Há um grande cano de ventilação, um para a descida de concreto, um para bombear a água que vaza dos lençóis freáticos e outro para levar eletricidade. E ainda tem o elevador para descida e subida de pessoal.
Se o terreno tiver mais terra que pedra, o túnel é aberto por até três escavadeiras ao mesmo tempo, que avançam de 1 a 2 metros por dia. Para acelerar o processo, saem duas frentes de escavação de cada poço de acesso, uma para cada lado.
Conforme o túnel avança, ele precisa de uma estrutura para que as toneladas de terra sobre ele não desabem. A cada 80 cm de túnel, coloca-se uma estrutura metálica em arco, a cambota. Ela serve de suporte para a injeção de concreto nas paredes.
Para ajudar nas perfurações, metrôs como o de São Paulo contam ainda com a máquina Shield, o popular "tatuzão". É uma megafuradeira cuja broca escava até 15 metros de terreno por dia. Os pedaços do subsolo são aspirados por um cano e caem numa esteira, para serem retirados.
Pedras e terra trazidas da frente de escavação pelos caminhões se acumulam no poço de acesso. As carregadeiras colocam tudo em caçambas, que são puxadas até a superfície pela grua ou pórtico lá de cima. Em cada viagem sobem até 30 toneladas de entulho.
Finalmente, todo o entulho retirado segue para depósitos aprovados pelas autoridades ambientais.