Em tamanho, Santa Catarina é um dos menores estados brasileiros. Com pouco mais de 94 mil quilômetros quadrados, é certamente o menor da Região Sul. Mesmo assim, o Estado a cada dia vai se firmando como um dos territórios mais ativos da União, especialmente no segmento portuário. Em breve, Santa Catarina, que já tem três portos em atividade, poderá gabar-se de possuir cinco complexos portuários, enquanto São Paulo, reconhecidamente a economia mais importante do Brasil, possui apenas dois portos em seu território.
Os números catarinenses crescerão graças a inauguração do Porto de Navegantes, prevista para ocorrer em julho deste ano, e, principalmente, a construção do Porto de Itapoá, próximo ao Porto de São Francisco do Sul, na Baía de Babitonga. Este novo pólo terá como principal atrativo o calado natural de aproximadamente 16 metros, o que permitirá a vinda dos maiores navios de contêineres do mundo, semelhantes aos que descarregam mercadorias em Cingapura, líder mundial do segmento, por exemplo.
Nenhum porto do Brasil tem este calado, e consegui-lo por meio de dragagens possui tantos entraves que as Companhias Docas espalhadas pelo país acabam só realizando trabalhos de manutenção, o que impossibilita o Brasil de receber novos e modernos navios, que carregam 6 mil contêineres de uma só vez. Itapoá terá estas embarcações atracadas em seu cais.
As obras do porto itapoense começaram há duas semanas e devem se estender até o mês de outubro de 2008. Estão trabalhando na construção do primeiro porto privado do país para uso público cerca de mil funcionários. A área será estaqueada a partir de maio. Agora, os trabalhadores de Itapoá organizam a limpeza do local e a terraplanagem do trecho.
O custo das obras, pelas contas da Construtora Gutierrez, do Grupo Batistella e a Hamburg Sud, é de R$ 300 milhões, com 55% da verba financiada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). A contrapartida do governo de Santa Catarina no projeto é pavimentar por volta de 40 quilômetros da estrada SC-415, que ligará o complexo portuário de Itapoá à rodovia BR-101. As autoridades prevêem o trânsito de um milhão de veículos por ano na via.
Após a inauguração do Porto de Itapoá, o receio das autoridades portuárias catarinenses é que o vizinho Porto de São Francisco do Sul perca mercado e gere desemprego entre estivadores e a mão-de-obra especializada, que migrariam para Itapoá em busca de melhores salários e condições de serviço.
Para compensar as modificações realizadas no meio ambiente de Itapoá, afinal cerca de 500 homens trabalharão em uma área nunca antes explorada, foi afirmado um acordo entre a administração do futuro porto e a Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina. Pelo proposto e assinado, R$ 528 mil serão colocados pelo Porto de Itapoá no Parque Estadual Acarai, na vizinha e em breve rival cidade de São Francisco do Sul.
O projeto
O Grupo Battistella, do setor madeireiro, comprou uma grande área em que a Marinha do Brasil planejava construir uma base naval. O interesse aumentou quando se descobriu que a área da Baía de Babitonga tem quase 28 metros de profundidade perto da costa e 16 metros de calado natural. Estão reservados para o pátio de contêineres outros 200 mil metros quadrados.
Todo o projeto foi elaborado em parceria com a Hamburg Sud, um dos principais armadores do mundo. Serão instalados três berços de atracação em Itapoá. Está prevista a embarcação de contêineres pelo sistema offshore, onde uma ponte vai avançar até a água levando os cofres para os navios. Assim, obteve-se uma liberação mais rápida dos órgãos ambientais para execução dos trabalhos. Deste modo, será difícil não se cumprir o prazo de dois anos para execução dos trabalhos.
Navegantes
O outro novo porto catarinense, o de Navegantes, deve iniciar suas atividades ainda em julho, um mês antes do previsto originalmente. A data de inauguração ainda não foi definida, pois os empresários da Portonave, empresa privada que tocou as obras e administrará os quatro berços de atracação, aguardam uma definição da agenda do presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, convidado para a celebração.
Aumento
E os números comprovam a boa fase do Estado. De acordo com dados da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), as exportações de Santa Catarina cresceram 13,4% em fevereiro, comparadas ao mesmo mês do ano passado. Entre os produtos mais exportados figuram fumo (124%), preparações e conservas de frango (96%), motores e geradores elétricos (32%) e autopeças (13%).
