Quinta, 28 Novembro 2024

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O presidente da Companhia Docas do Rio de Janeiro (CDRJ), Hideraldo Luis Aragão Mouta, fala das mudanças nas operações dos portos da cidade-sede dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos, que começaram desde o dia 24 de julho e que se estenderão até 17 de setembro. Em entrevista ao Portogente, ele opinou sobre logística brasileira e remeteu à Prefeitura do Rio de Janeiro questões sobre as obras do Porto Maravilha, criticadas por criar problemas aos moradores pobres do entorno do Porto do Rio.

Portogente - Quais os impactos da interrupção de tráfego nas operações portuárias durante as Olimpíadas?
Hideraldo Mouta - Os impactos nas operações serão minimizados com o retorno do tráfego marítimo na área do Porto Organizado após às 18h. Ou seja, estamos programando a entrada e a saída dos navios no Porto do Rio e de Niterói nos intervalos das competições olímpicas. Esperamos não cancelar escala de navio nesses portos levando em consideração a liberação diária para tráfego de embarcações em horários já delimitados pela Organização Olímpica.

Portogente - Quais os horários dessa interrupção na Baía de Guanabara?
Hideraldo Mouta - A interrupção ao Tráfego Marítimo no Porto do Rio de Janeiro ocorrerá: 24/07 a 07/08: treinamento Olímpico das 11h às 17h30; 08/08 a 19/08: competição Olímpica das 11h às 17h30; 31/08 a 11/09: treinamento Paraolímpico das 11h às 17h30; 12/09 a 17/09: competição Paraolímpica das 11h às 17h30.

Portogente - Como estão os trabalhos de revitalização na região do porto e as obras do Porto Maravilha?
Hideraldo Mouta - A CDRJ vem cuidando da revitalização da área interna do porto do Rio de Janeiro. Já foram reformados os Armazéns 7, 8, 13, 14 e 15. A reforma dos Armazéns 16, 17 e 18 será iniciada após as Olimpíadas, sendo de responsabilidade do OGMO, por força contratual, a reforma do Armazém 18. Os Armazéns 10, 11 e 12 não serão reformados, uma vez que os mesmos serão demolidos para construção do novo Terminal de Grãos. Ressaltamos que a reforma da fachada externa do porto do Rio de Janeiro ao longo da Avenida Rodrigues Alves, trecho entre os Armazéns 7 e 18, é de responsabilidade da Prefeitura, compromisso assumido em 2015, em contrapartida aos transtornos causados a sua logística pelas obras no seu entorno.

Portogente - Existem críticas de que o Porto Maravilha criou problemas à população mais pobre próxima ao local. Qual a interface do empreendimento e a sociedade?
Hideraldo Mouta - Sugerimos obter resposta junto à Prefeitura do Rio de Janeiro.

Portogente - O que ainda falta, em se tratando de logística, para melhorar as condições dos portos brasileiros?
Hideraldo Mouta - A falta de infraestrutura ainda é o maior entrave nos portos brasileiros, notadamente o porto do Rio de Janeiro, que sofre com a falta de profundidade adequada aos novos navios. Costumamos dizer que, apesar da operacionalidade em toda extensão do Cais da Gamboa e de São Cristóvão no Porto do Rio de Janeiro, fruto do trabalho infatigável do seu corpo técnico, o nosso porto enfrenta dificuldades devido à falta de profundidade nos mencionados berços de atracação, haja vista o crescimento dos últimos navios lançados ao mar, muitos com calado e dimensões incompatíveis com o Porto. Destaca-se, oportunamente, que estamos falando dos berços de atracação no cais da Gamboa e São Cristóvão, pois, recentemente, o Governo Federal, através da extinta Secretaria de Portos, destinou verba de dragagem para manutenção e ampliação dos canais de acesso ao Porto do Rio, principalmente aos Terminais de Contêineres, visando garantir a entrada de navios com calado e dimensões acima das condições ofertadas pelo porto. Ou seja, do ponto de vista operacional, talvez esse seja o maior entrave na logística de muitos portos no Brasil, sendo a infraestrutura de acesso aquaviário e de acostagem.
Ressaltamos que, desde 2012, a CDRJ vem aguardando a conclusão do processo licitatório para contratação da obra de reforço e aprofundamento do Cais da Gamboa, paralisado por questões judiciais já superadas. Hoje a continuidade da licitação depende, basicamente, da disponibilidade de orçamento, retirado em 2016 pela Secretaria de Portos.

Bem resumidamente e, tomando como base uma das definições contidas no trabalho de conclusão de curso apresentado à Universidade Federal de Santa Catarina como requisito para obtenção do título de Especialista em Engenharia e Gestão Portuária, de autoria do formando Mário Jorge Cavalcanti Moreira, onde relata: “Como fato indispensável, toda e qualquer melhoria que for disposta a respeito das instalações portuárias, deve ter objetivos claros, dentre os quais: otimização da cadeia produtiva, maior integração logística, ampla distribuição de produtos e consequentemente uma maior abrangência de ações."

Portogente - Na sua opinião, o que é um porto ágil?
Hideraldo Mouta - Do ponto de vista operacional, porto ágil é aquele que atende com rapidez e eficiência as necessidades dos navios programados, dos agentes, dos operadores, dos arrendatários e todos que efetivamente demandam a instalação portuária, garantindo a perfeita integração dos modais de transporte (rodoviário, ferroviário e aquaviário). Entendemos que o porto precisa ser ágil, no exato significado da palavra, mas também precisa ser profissional e criativo na manipulação da carga e no atendimento aos usuários, otimizando sempre o tempo de permanência dos navios no âmbito da instalação portuária, não deixando de observar as questões de segurança do trabalho e meio ambiente. Nesse sentido, costumamos dizer que sem carga não existe navio e, por conseguinte, não existe porto. Nesse particular, lembramos que o Porto do Rio de Janeiro se mantém operacional em toda a sua extensão, contribuindo de forma positiva para o município e estado do Rio de Janeiro, assim como para a Balança Comercial Brasileira.

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