Para a economista Tânia Bacelar, o Brasil viveu mudanças positivas na última década, mas o problema regional permanece. Ela defende mais investimento em infraestrutura nas Regiões Norte e Nordeste para alavancar a economia, a exemplo da construção de ferrovias. Outra aposta é no desenvolvimento industrial para fortalecer o mercado interno, pois o setor é o mais afetado pela atual crise. Ela participou de evento no Senado, no dia 7 de julho último.
Professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e sócia-diretora da Consultoria Econômica e Planejamento (Ceplan), Tânia apresentou principalmente dados relativos ao desenvolvimento do Nordeste em relação às demais regiões. Ao avaliar heranças como a ocupação territorial, a população e a diversidade, ela listou também avanços como o crescimento da renda, a interiorização do ensino superior – embora o índice de analfabetismo no meio rural nordestino ainda seja de 30% - o fortalecimento do agronegócio e queda da migração interestadual.
Tendências
O caminho apontado pela economista para a redução das desigualdades regionais passa pela escala microrregional. Uma das tendências apontadas é a gradual convergência dos PIBs estaduais enquanto há um distanciamento cada vez maior entre municípios e nas microrregiões.
Outra novidade é o crescimento do dinamismo das cidades médias brasileiras que abrigam atualmente 40% da população. A professora recomenda uma política especial com um bom sistema de transporte, saneamento e planejamento urbano para uma mudança de padrão dessas cidades.
Para o financiamento da política de desenvolvimento regional a economista destacou a importância da criação de um fundo estável com recursos garantidos para os investimentos. "Não pode ser uma política federal. O governo federal é protagonista importante, mas a política tem que ter estados e municípios na discussão. O Brasil é grande demais, a leitura dele a partir de Brasília tende a ser simplificadora", observou.
Governo federal
A representante do Ministério do Planejamento, Márcia Quadrado, ressaltou no debate as políticas sociais do governo federal nos últimos dez anos, que teriam contribuído para a redução das desigualdades regionais. Ela citou como exemplos a valorização do salário mínimo, o benefício de prestação continuada e a expansão do Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf).
Márcia sugeriu mais tempo para o governo analisar e entender a abrangência do PLS 375/2015, projeto que cria a Política Nacional de Desenvolvimento Regional. Segundo ela é importante estabelecer um vínculo com o Plano Plurianual (PPA), como ocorre com a política vigente feita por decreto presidencial. O impacto previsto no orçamento anualmente com a aprovação da proposta é de R$ 10 bilhões. Informação da Agência Senado e foto da home de Marcos Oliveira/Agência Senado.