Uso de etanol nas regiões metropolitanas vai economizar R$ 429 milhões por ano em saúde públicaEstudo publicado em maio deste ano pelo Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) mostrou que, se a frota de veículos das principais capitais brasileiras utilizasse o etanol ao invés da gasolina, a saúde pública economizaria R$ 67 milhões de reais por ano no caso de internações relacionadas a problemas respiratórios.
Os números do estudo foram elaborados a partir da avaliação das oito principais Regiões Metropolitanas brasileiras: Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo e Vitória. Para realizar a pesquisa, o estudo elaborou três cenários e neles especificou a utilização de três tipos de combustíveis: gasolina não aditivada com etanol anidro, gasolina aditivada com 25% em sua mistura de etanol anidro e o etanol hidratado.
A pesquisa destacou a presença do material MP 2,5, uma mistura de partículas em suspensão no ar capaz de chegar até os pontos mais profundos dos pulmões. Esse poluente é gerado principalmente na queima de combustíveis por veículos. A Organização Mundial de Saúde (OMS) classifica o MP 2,5, como o poluente de maior efeito nocivo à saúde humana.
Os cenários avaliados pelos pesquisadores mostram que, utilizando apenas carros com gasolina comum nas principais Regiões Metropolitanas do país, está previsto um aumento no MP 2,5, o que irá impactar nas internações hospitalares e também nas mortes. O custo para a saúde pública nesse caso seria mais de R$ 429 milhões por ano. Na avaliação feita com o uso de gasolina contendo 25% de etanol anidro, também foi constatado aumento nos níveis do poluente, mas os gastos referentes à saúde diminuíram para R$ 267,973 milhões. Já nos levantamentos feitos com etanol anidro e redução do volume de gasolina, os números mostraram redução na concentração ambiental do MP 2,5, além de uma economia de R$ 67 milhões de reais com gastos em saúde.
Os dados apresentam uma preocupação em relação ao poluente, uma vez que o fator de risco que ele possui, é tratado de forma pouco efetiva, em virtude de poucas pesquisas relacionadas ao tema. Outro ponto que preocupa os pesquisadores é a legislação ambiental brasileira, que na visão deles, pouco fiscaliza os índices de MP 2,5,que são liberados no meio ambiente.
Durante um evento voltado para o setor sucroenergético realizado em Londres no mês de julho, Elizabeth Farina, presidente da UNICA (União das Indústrias de Cana-de-açúcar), reforçou os números positivos com o uso do biocombustível para a saúde: “Se usássemos apenas combustível fóssil, a quantidade de internações por problemas respiratórios e cardiovasculares em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre aumentaria em 9.247 e o de mortes, 1.384. Por outro lado, com o uso do etanol haveria uma redução de 505 internações e de 226 mortes por ano,” afirmou Elizabeth, também com base no estudo feito pelos pesquisadores da USP.