Quinta, 21 Novembro 2024

Quem nunca viu a famosa placa de sinalização “Pare, Olhe e Escute”, instalada no cruzamento das linhas férreas? Pois é, mas até mesmo cumprir esta simples determinação tem se tornado difícil na Baixada Santista. A falta de sinalização, o vandalismo contra o patrimônio e o descaso das autoridades geram acidentes e o receio em alguns motoristas que, em pelo menos três cidades da Baixada Santista, são obrigados a cruzar a linha diariamente, pois os trens de carga rumam incessantemente ao Porto de Santos.

Por isso, Portogente começa nesta semana uma série de quatro reportagens a respeito do tema. Nesta semana, vamos mostrar três exemplos de Santos, a cidade que, em teoria, deveria sofrer mais com os trens e com a linha férrea sempre em atividade. Visitamos três cruzamentos para mostrar que, dependendo da região da Cidade, as placas estão instaladas e intactas. Já em outros pontos, especialmente perto do cais, a situação fica bem mais complicada.

Semana que vem, mostraremos a situação de São Vicente, depois em Cubatão. E por fim, ouviremos a América Latina Logística (ALL), empresa que possui o controle das linhas férreas da região e manutenção das mesmas, e as Prefeituras, pois de acordo com o Código de Trânsito Brasileiro, em seu Artigo 21, parte da sinalização é de responsabilidade dos municípios.

Cruzamento 1 – Linha férrea x Rua Padre Anchieta
Neste cruzamento do Macuco, fica o registro para a precária sinalização de solo e as duas placas de “Pare, Olhe e Escute”, ainda intactas à ação de vândalos. Entretanto, há um desnível entre a linha férrea e o asfalto da rua, o que pode tornar o local uma armadilha para os ciclistas, que trafegam constantemente pela via. 

Um deles, Irineu Rizzatto, de 63 anos, queixa-se da falta de sinalização e do lixo excessivo que fica ao lado da linha férrea. “Muitos caminhões estacionam antes da linha do trem e acabam com nossa visão. Ninguém fiscaliza isso e o ciclista tem que se virar para evitar um acidente. Às vezes aparecem 50 vagões de uma vez, atrasando o trânsito”.

Há mais de um ano, exatamente em 8 de março de 2006, um garoto morreu atropelado por um trem justamente neste cruzamento. O padrasto dele preferiu não se identificar em um primeiro momento, dizendo apenas que, até hoje, ninguém procurou a família oferecendo ajuda.

Cruzamento 2 – Linha férrea x Rua Luis Gama
Aqui, sem dúvida é o pior cruzamento do perímetro urbano de Santos. A sinalização inexiste, pois as placas de “Pare, Olhe e Escute” foram levadas pela população. O lixo acumula-se perto da área, onde há pneu, vaso sanitário e peças de caminhão. Para o torneiro mecânico João Lima, de 66 anos, o pior é ver o dia-a-dia de sua oficina de carros atrapalhado por causa dos trens. 

“Já vi muita fila aqui, sem contar que uma vez, arrumaram o carro na minha oficina e assim que ele saiu, estourou a suspensão na linha férrea. As condições são precárias, a sinalização não existe”.

Quem também bota a boca no trombone é o empresário Vítor da Costa, de 35 anos, que comprou recentemente um terreno ao lado da passagem de trens. Ele reclama que a buzina das máquinas é muito alta e incomoda a população, sem contar os desníveis entre a Rua Luis Gama e os trilhos, ideais para a quebra de um carro ou a queda de um motociclista.

“Aqui tem vasilha de macumba largada, mato alto, rato e ninguém faz nada. Quem aterrou a rua para minimizar os problemas fui eu, é uma vergonha. Muita gente se droga e pode causar um acidente fatal ao tentar cruzar o local”.

Cruzamento 3 – Linha férrea x Avenida Ana Costa
Nessa importante avenida de Santos, que serve de passagem para um dos centros comerciais mais freqüentados da cidade, tudo está muito bem. A sinalização é perfeita e a linha férrea está limpa, especialmente na região ao lado do Hipermercado Extra e do Mendes Convention Center. 

Eis uma prova de que, quando as partes envolvidas querem, é possível manter em ordem um cruzamento, sem acúmulo de lixo e perigos para pedestres, motoristas e os próprios maquinistas. Para a vendedora Maria de Lourdes Teixeira, que passa todos os dias pela linha do trem, o local não precisa de reparos.

“Eu ando por aqui todo dia e acho tudo perfeito. Ou melhor, quase, pois quando passa o trem, às vezes demora muito. Tenho amigas que moram em São Vicente e reclamam muito das precárias condições dos trilhos por lá. Acho que os responsáveis poderiam olhar mais para as regiões periféricas”.

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