A passagem do prático da lancha para o navio é o momento mais perigoso para quem exerce a atividade. O profissional tem como função auxiliar o comandante da embarcação e garantir a segurança nas manobras de ingresso e atracação nos portos. Além da dificuldade imposta por ondas e ventos, um em cada oito arranjos no mundo apresenta irregularidades, segundo dados da última pesquisa da International Maritime Pilots' Association (IMPA). A escada de quebra-peito e a escada de quebra-peito combinada com a escada de portaló são os principais meios de embarque e desembarque e devem estar conservadas e instaladas em acordo com as normas da Convenção Internacional para a Salvaguarda da Vida Humana no Mar (SOLAS).
Acesso aos navios pode terminar em acidentes graves - Foto: Divulgação
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O prático Carlos Alberto de Souza Filho, presidente da Praticagem do Estado de São Paulo, faz um pedido, em nome da Praticagem do Brasil, para que todos os práticos contribuam com a Campanha de Segurança das Escadas da IMPA. A campanha começou dia 1º de outubro e vai até às 14 horas do dia 14 de outubro. "É importante que todos os práticos participem. Em primeiro lugar porque o Brasil é o país a ser batido. Em 2017, a Praticagem do Brasil fez 657 contribuições, que corresponderam a 23% das contribuições do mundo inteiro. No ano seguinte fizemos 1053 e subiu apenas 1%, 24% do mundo inteiro. O desempenho em 2017 fez com que os outros países procurassem participar mais. Isso é bom, não que estejamos disputando com eles, mas porque vamos puxando os outros países e fazendo com que a campanha tenha dados estatísticos mais confiáveis". Ele considera a iniciativa fundamental para a segurança pessoal de todos os profissionais da categoria.
Souza Filho, presidente da Praticagem de SP - Foto: Bruno Merlin/Portogente
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Souza Filho lembra que muitos práticos só participam da campanha quando encontram um arranjo de embarque ruim, mas não deveria ser esse o caso. "O importante é termos um percentual fidedigno de quantos arranjos efetivamente não estão em conformidade com a Convenção. É essencial também reportar aqueles que estão em boas condições. Precisamos de mais contribuições não só para manter o primeiro lugar, mas pela nossa segurança. Em setembro tivemos dois exemplos de escadas que se romperam durante o trabalho, um em Belém, no dia 8, e outro em Vitória, no dia 26. Felizmente os colegas não se feriram, mas esse tipo de acidente pode ser fatal".
Como participar
Os práticos brasileiros podem participar por meio do aplicativo No Rumo Certo. O relatório para a IMPA será enviado pelo Conselho Nacional de Praticagem (Conapra), com base nas informações preenchidas.
Na campanha de 2018, mais de 70% dos relatórios foram transmitidos pelo Conapra a partir dessa ferramenta. A Praticagem do Brasil respondeu por 24,16% das contribuições no mundo e por 81% na América do Sul, mostrando todo o seu engajamento com tema fundamental para a segurança das operações. Assista abaixo vídeo que explica como o app deve ser utilizado.
A outra opção de encaminhamento de relatórios, durante o período, é por meio do link http://survey.impahq.org, acessado em qualquer dispositivo usando o e-mail do prático como login e a palavra "ladder" como senha. É preciso enviar um relatório para cada arranjo utilizado, e não apenas para os que apresentarem problemas. Se forem utilizados arranjos diferentes para embarque e desembarque, são necessários dois relatórios.
Caso o prático só possa enviar o relatório após regresso em terra, ele pode adotar o formulário base para pesquisa para fazer as anotações e depois transmiti-las via internet, o que pode ser feito por ele mesmo ou pelo pessoal nas atalaias, em colaboração. Da mesma forma, o preenchimento de dados via aplicativo também pode ter o apoio das estações de Praticagem.
"A Praticagem brasileira precisa continuar contribuindo de forma proporcional à sua participação na atividade marítima mundial. Temos índices de eficiência e segurança nos mesmos patamares das nações mais desenvolvidas e há muitos anos mantemos um representante como Vice-Presidente da IMPA", destaca o diretor técnico do Conapra, Porthos Lima, que considera fundamental envolver os operadores das estações de Praticagem e os tripulantes das lanchas na campanha. "Eles poderão, eventualmente, relembrar os práticos da necessidade de envio das informações, inclusive auxiliando com observações que eles mesmos tenham feito".