O Brasil forma menos engenheiros do que realmente precisa para se desenvolver. A afirmação está no estudo “Ensino de engenharia: fortalecimento e modernização”, elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), que faz parte de uma série de propostas para os candidatos à presidência da República. Muito disso se deve ao fato de existirem altas taxas de evasão dos cursos, ou seja, muitos estudantes desistem no meio do caminho.
Imagem: PIxabay.
Ano passado, em São Paulo, 82,5 mil pessoas se matricularam e iniciaram um curso de Engenharia em uma das universidades locais. Porém, no mesmo ano, mais de 32 mil alunos trancaram o curso, segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep).
A especialista em educação de engenharia Maria de Fátima Souza tem acompanhado o ensino em engenharia há mais de 20 anos. Ela entende que é necessário melhorar os formatos, principalmente, adaptar disciplinas.
“Existe um problema grave que desmotiva os alunos e que talvez seja a razão dessas taxas altíssimas de evasão, que é o fato da disciplina de cálculo ser levada mais ensinando procedimentos para a resolução de problemas, do que necessariamente entendendo como você aplica o conceito”, explica a professora.
Maria de Fátima defende que é necessário reavaliar o modo como os professores de engenharia ensinam em sala de aula. Para ela, é importante ter profissionais de outras áreas, como pedagogos e psicólogos que auxiliem os professores a tornarem as aulas mais práticas e dinâmicas.
A recomendação não vale só para São Paulo – é uma necessidade nacional. O país precisa de mais engenheiros e que são bem preparados, porque de acordo com a CNI, para cada 10 mil habitantes brasileiros, apenas 4,8 são graduados em engenharia. Enquanto em países mais desenvolvidos como Coreia, Rússia, Finlândia e Áustria contavam com mais de 20 engenheiros para o mesmo número de pessoas.
A diretora de inovação da CNI e superintendente nacional do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), Gianna Sagazio, ex plica que o mundo tem mudado de forma muito acelerada, e por isso, é importante preparar bem futuros engenheiros para que eles acompanhem o ritmo da indústria.“Se a gente não tiver engenheiros e engenheiras preparados para os impactos dessa revolução digital, não conseguiremos ser competitivos e nem gerar qualidade de vida para a nossa população.”
Além dos índices baixos de estudantes que concluem o curso de engenharia, os cursos também não foram tão bem avaliados. Em 2016, 1.538 cursos foram avaliados. Destes, o Inep informou que cerca de 60% atingiram apenas a nota mínima satisfatória, e 15% ficaram abaixo desse valor.