O senso comum diria que lugar de engenheiro é na indústria e na construção civil. Na prática, o setor de serviços, em especial os bancos, é também um grande empregador de quem carrega um diploma de engenharia. Encontrar espaço em todas as áreas da economia é, sem dúvida, uma das explicações para o setor figurar entre as carreiras que mais atraem estudantes. Mesmo com a crise, as faculdades mantiveram, sem grandes alterações, a oferta de cursos de engenharia. Já a quantidade de estudantes matriculados registrou uma leve queda em 2016, segundo dados mais recentes divulgados pelo Ministério da Educação (MEC). Enquanto o número de cursos oferecidos passou de 3.848 para 4.193, o total de alunos caiu de quase 1,010 milhão para 1,004 milhão no período.
Esta análise é oportuna, tendo em vista que se comemora amanhã (10/04), o Dia da Engenharia. Como principal plataforma de bolsas de estudo e análises do mercado do ensino superior brasileiro, o Quero Bolsa antecipou esta tendência de desaquecimento. Desde 2014, o site percebe redução nas buscas pelos cursos de engenharia, especialmente Engenharia Civil. De terceiro curso mais procurado há quatro anos, passou para 12º no ano passado. Um levantamento prévio nas buscas realizadas no 1º semestre de 2018 mostra que o curso deve cair mais uma posição, ficando em 13º no ranking dos mais desejados por bolsistas.
“As carreiras de Engenharia costumam sofrer um pouco em períodos de crise. Nos últimos anos, com o forte desaquecimento da construção civil puxado pela crise fiscal do Brasil, o impacto foi mais forte”, explica Pedro Balerine, diretor de inteligência de mercado do Quero Bolsa.
Ao avaliar dados do Censo da Educação Superior, do Inep (órgão ligado ao Ministério da Educação), os analistas do Quero Bolsa constataram que os cursos de engenharia deixaram a terceira posição no ranking de matrículas no ensino superior, em 2010, para assumir o primeiro lugar em 2013. O pico de alunos matriculados foi atingido em 2015, quando, pela primeira vez, mais de 1 milhão de alunos cursaram engenharia no Brasil.
“A quantidade de engenheiros em formação dobrou em cinco anos. Não chegava a meio milhão em 2010. O crescimento econômico atraiu muita gente para a carreira. Agora, aguardamos os próximos dados do Censo para confirmar o quanto a crise, de fato, irá afetar a a trajetória de queda”, avalia Balerine.
Concentração versus fragmentação
Engenharia é a carreira com maior quantidade de habilitações possíveis, segundo o Censo da Educação Superior. São 141 opções, que vão do espaço (Engenharia Aeroespacial) às profundezas da terra (Engenharia Geológica). Nas faculdades brasileiras há, por exemplo, 8 habilitações diferentes para quem escolhe fazer Engenharia Ambiental. Apesar da grande fragmentação, 5 carreiras da engenharia concentram 75,7% dos alunos matriculados. Os 24,3% restantes se dividem nas demais 136 habilitações.
Quando avaliados separadamente, os cursos de Engenharia Civil, de Produção e de Mecânica são os três com mais estudantes matriculados, mas só Engenharia Civil aparece entre os 10 cursos com mais alunos. A lista é encabeçada por Direito, com 860 mil alunos.
Mensalidades
O Quero Bolsa também apurou os preços médios dos cinco cursos de Engenharia com mais alunos matriculados em 10 capitais brasileiras. As cidades do Rio de Janeiro, Porto Alegre* e Curitiba, são as localidades mais caras. Já Recife apresentou os menores valores médios. Devido a grande oferta de cursos, a capital paulista figura entre as cidades mais baratas para realizar a graduação. A análise foi feita com base nas mensalidades integrais (sem desconto) praticadas em 87 instituições que oferecem os cursos avaliados na cidades onde ocorreu o levantamento.