Segunda, 17 Março 2025

Opinião

Plataforma

Por Felipe Pinheiro, petroleiro da Regap e diretor do Sindipetro-MG

Brasileiras e brasileiros talvez não se deram conta, mas sofreram uma de suas maiores derrotas das últimas décadas. Diante de um governo fragilizado e covarde, além de um congresso obcecado em destruir tudo quanto é conquista do povo brasileiro, foi aprovado o Projeto de Lei do Senado (PLS) 131, que trata de alterações na lei do pré-sal.

Na prática, o projeto do senador José Serra (PSDB-SP) possibilita a entrega da operação dos campos de petróleo da área do pré-sal - anteriormente de exclusividade da Petrobrás - para multinacionais estrangeiras. Um acordo de última hora entre Dilma e o PMDB definiu que essa decisão passará a ser do Governo Federal, como forma de reduzir os danos. O projeto agora segue para a Câmara dos Deputados, com chances de passar fácil pela casa.

Entenda: o que antes era garantido por lei passará a ser definido, caso a caso, pelo governo que estiver no poder. O projeto de desenvolvimento econômico e social do Brasil atrelado à exploração dessa enorme riqueza deixará de ser uma política de Estado para ser uma escolha de cada governo. A maior descoberta de petróleo do mundo dos últimos tempos, fruto de anos de pesquisa e investimentos brasileiros, portanto, poderá não ficar sob o controle do nosso país!

Movimentos sociais e sindicatos vêm lutando contra esse projeto desde 2015, sabendo dos prejuízos para a geração de emprego, renda e recursos para a educação e saúde no Brasil, assim como para o futuro da Petrobrás. Além disso, como o petróleo vive um momento de crise, com o produto sendo vendido a preços muito baixos, os estrangeiros terão a oportunidade de conquistar áreas do pré-sal a preço de banana!

Muitos podem se perguntar: a Petrobrás não está quebrada? É importante que se esclareça que os problemas financeiros da estatal estão relacionadas com sua alta dívida e com a queda dos lucros diante da atual crise mundial do petróleo. Perdas envolvidas com esquemas de corrupção, embora revoltantes, são pequenas em relação ao endividamento da empresa. Aliás, o governo deveria propor soluções para ajudar a empresa nesse momento difícil, justamente pela importância da Petrobrás para a economia nacional e para o controle estatal da nossa galinha dos ovos de ouro: o pré-sal.

É bem verdade que não é de hoje que sabemos que essa ambição em entregar as nossas riquezas está no DNA dos tucanos. O que nos preocupa, no entanto, é ver o governo Dilma cedendo e realizando acordos sobre temas tão importantes para a soberania e o futuro do país. Esse ato de covardia faz com que esse governo seja cada menos defensável.

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João Guilherme Vargas Netto, consultor sindical

Com a divulgação dos números assustadores referentes à queda do PIB brasileiro em 2015 e com a confirmação dos dados gerais que indicam tal retrocesso até agora, torna-se cada vez mais urgente e necessária a luta pela retomada do desenvolvimento, já que a recessão não é natural nem eterna.

Embora prejudicada pela espetacularização da crise política, abre-se a oportunidade para uma discussão séria sobre as características da atual recessão e sobre as medidas corretas (do ponto de vista dos trabalhadores, da sociedade, do governo e dos empresários produtivistas) para enfrentá-la.

É óbvio que tais procedimentos não têm apelo midiático: não se noticia, por exemplo, a verdadeira campanha nas portas de fábricas dos metalúrgicos de São Paulo, nem as manifestações unitárias de trabalhadores em São Bernardo, em Gravataí, em Curitiba e em outras cidades contra o desemprego e nem se registra que a última reunião do Conselhão estabeleceu sete eixos temáticos de luta pela retomada do desenvolvimento.

A atual recessão tem quatro características marcantes: ela é intensa, generalizada, prolongada e não homogênea. Dessas quatro, as três primeiras podem ser facilmente constatadas em qualquer tabela de dados sobre a economia.

Quero destacar a quarta característica, que é a não homogeneidade do fenômeno recessivo em relação às regiões brasileiras, às cidades brasileiras, aos setores econômicos e às categorias de trabalhadores envolvidos.

A recessão manifesta-se de forma diferenciada, mais ou menos intensa ou aliviada, nas diversas regiões do país, concentrando seus efeitos maléficos no Sudeste.

Em cada região, por sua vez, as capitais, as grandes cidades e as regiões metropolitanas sofrem bem mais que o conjunto das outras cidades.

Há setores e grupos empresariais que estão com bom desempenho (principalmente aqueles ligados a exportação, a alguns tipos de manufaturas e os que incorporam alta tecnologia). Mesmo na indústria, setor avassalado pela recessão, mas que apresentou em janeiro um crescimento de 0,4%, uma análise criteriosa aponta inúmeras situações diferenciadas.

Entre os trabalhadores, afetados todos pelo desemprego, configuram-se algumas situações preocupantes: alto desemprego na indústria metalúrgica, alto desemprego entre jovens e alto desemprego dos trabalhadores mais qualificados (que se transformam em PJ).

A análise criteriosa da recessão e de seus efeitos diferenciados é um prerrequisito para melhor enfrentá-la, descobrindo os caminhos para sua superação e fazendo a alavanca onde é possível vitórias parciais positivas.

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João Martins da Silva Junior é presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA)

O ano de 2015 se encerrou com as mesmas notícias com que já estamos ficando acostumados: a economia retraiu-se, a inflação elevou-se, a indústria encolheu e o desemprego aumentou. Nesse cenário desalentador, só a agropecuária seguiu crescendo, produzindo mais, exportando mais e gerando US$ 80 bilhões de superávit. Se as previsões dos analistas econômicos se confirmarem, 2016 repetirá a mesma história.

Será possível que, numa economia em crise generalizada, um setor isolado continue se expandindo sem ser afetado pelo ambiente ao seu redor?

Isso só seria possível se nosso setor de produção rural fosse uma espécie de enclave econômico, operando no território do País, mas com a produção voltada quase exclusivamente para os mercados externos. Exemplos dessa natureza podem ser encontrados em países produtores de petróleo ou outros minerais, cujas cadeias produtivas têm pouca integração com sua economia interna. O que se passa com a agricultura e a pecuária do Brasil é muito diferente.

Apesar de sermos hoje um dos três maiores fornecedores de alimentos para o mundo, com presença dominante numa lista de mercados que inclui a soja, café, suco de laranja, carnes bovina, suína e de frango, açúcar, algodão, tabaco, além de investidas promissoras em mercados como os de milho, frutas e lácteos, a verdade é que a produção rural brasileira é predominantemente voltada para o mercado interno.

Além disso, nossa estrutura de produção é altamente diversificada, produzindo centenas de produtos exclusivamente para o consumo nacional. A produção rural brasileira não é um enclave exportador, mas surgiu e cresceu para atender ao mercado interno e graças à sua produtividade e a seus custos competitivos exportou excedentes e conquistou os mercados mundiais.

Para que a agricultura e a pecuária do Brasil possam seguir crescendo é absolutamente necessário que o País supere a crise que está vivendo. Caso contrário, o setor também será arrastado para as dificuldades que hoje atingem tão duramente a indústria e o setor de serviços. Se o desemprego e o declínio da renda familiar se mantiverem por mais tempo, o resultado natural será a contração do mercado interno, com pressão sobre os preços, em atividades cujas margens de lucro já são muito estreitas na maioria dos casos.

A maior parte dos produtos da nossa agricultura é destinada exclusivamente ao mercado doméstico e não poderá compensar a retração das vendas externas com a exportação. Quanto aos outros produtos com tradição exportadora, o aumento dos saldos exportáveis poderá pressionar ainda mais os preços externos, que já estão em trajetória declinante faz algum tempo.

Um possível colapso de algumas atividades produtivas atingirá especialmente os produtores mais vulneráveis, desorganizando estruturas produtivas longamente construídas, com inevitáveis reflexos sociais. Como é uma atividade sazonal, dependente do curso das estações, a agropecuária tem pouca capacidade de adaptação aos ciclos econômicos.

Se a crise brasileira nos atemoriza quanto à demanda, a história não é menos assustadora em relação à oferta. A moderna agropecuária do País, que teve início nos anos 70 do século passado, é um empreendimento essencialmente privado. O Estado teve sua parte, em especial na produção do conhecimento científico e tecnológico, por meio da excelência singular de nossas universidades rurais e da experiência pioneira da Embrapa, bem como na montagem de um sistema eficiente de crédito rural.

Foi a iniciativa privada que transformou os campos do sul do Brasil e ocupou os vastos cerrados improdutivos que predominavam em grande parte de nosso território. Foi trabalho de pioneiros, portadores de experiência profissional na produção e capazes de empreender e assumir riscos tremendos. Povoaram grandes vazios, sem os confortos das cidades e sem a menor infraestrutura, numa aventura pessoal que merece justo registro na História moderna do Brasil.

A eficiência do setor privado excedeu, em muito, a competência do Estado brasileiro. Assim, os resultados de grande parte da produção são afetados pela carência quase absoluta de infraestrutura. Não temos rodovias, ferrovias, hidrovias ou portos para escoar a produção a custos minimamente razoáveis. Os custos logísticos recaem sobre o produtor e o consumidor doméstico.

Por mais que os produtores aumentem sua produtividade, com pesados investimentos dentro das fazendas, seus lucros estão cada vez menores e os preços aos consumidores são maiores do que poderiam ser. O Estado brasileiro encontra-se, há muito, em situação quase falimentar e não tem sequer uma fração dos recursos necessários aos investimentos que precisam ser feitos.

Esta é uma realidade que não podemos disfarçar com a retórica fútil das ideologias políticas. Só o setor privado pode construir e operar a infraestrutura que precisamos. Mas a incompetência dos órgãos estatais, capturados pela baixa política, e a aversão ideológica ao capitalismo e ao setor privado ou retêm mais encargos do que ele pode suportar ou impedem que os processos de concessão cheguem a termo.

Enquanto os preços externos estavam anormalmente elevados, todas as deficiências puderam ser ignoradas. Agora que a realidade bate à nossa porta, quem vai pagar o preço da imprevidência? Mais uma vez, não será o Estado abstrato, mas os produtores e consumidores, gente de carne e osso.

Até agora, a produção rural tem sobrevivido à crise geral do Estado e da economia brasileira. Infelizmente, nosso sentimento é que esta crise vai afetar a agricultura e a pecuária, se durar mais tempo. A paisagem política, porém, não nos deixa margem para muita esperança. O poder político, entre nós, parece aspirar apenas à sua própria sobrevivência, sem mais nenhum propósito de resolver os problemas verdadeiros do País e das pessoas. É o que nos dá razão de sobra para temer pelo futuro.

 

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Por Milton Lourenço, presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC)

Depois de ter sido considerado o país mais protecionista do mundo em 2013, com 65 petições e a adoção de 43 medidas antidumping, o Brasil, em 2015, voltou a apresentar recuo no número de investigações abertas pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) em relação a 2014. Foram 38 pedidos que resultaram na aplicação de 35 medidas antidumping contra 44 pedidos e 39 aplicações em 2014.

Segundo dados da Organização Mundial do Comércio (OMC), o Brasil, nos dois últimos anos, ficou em segundo lugar entre os países que mais adotaram medidas de restrição comercial. No período de 1995 a 2014, esteve entre as quatro nações que mais recorreram ao antidumping. Em 2015, os produtos metalúrgicos, químicos, de plástico e de borracha concentraram o maior número de pedidos feitos pelo Brasil à OMC.

Aparentemente, as medidas antidumping têm como objetivo neutralizar efeitos danosos à indústria causados por importações de produtos que chegam com valores muito inferiores ao similar nacional. Para proteger a indústria local, o governo coloca alíquotas específicas à importação dessas mercadorias. Com isso, impede também o aumento da corrente de comércio, pois dificulta que a indústria nacional importe os bens de capital necessários à produção de outros produtos.

A verdade é que todo governo comete um equívoco quando utiliza instrumentos protecionistas, pois, se beneficia as empresas momentaneamente, acaba prejudicando os consumidores. Ao mesmo tempo, exime-se de sua responsabilidade e ainda posa como defensor da indústria nacional e do emprego do trabalhador. Ocorre, porém, que a chegada desses produtos a preços subvalorizados se dá porque o produto nacional há muito perdeu o seu poder de competição no mercado externo.

Para corrigir o problema, o governo deveria propor reformas para diminuir o custo de produção, reduzindo a alta carga tributária e os custos da energia elétrica, além de melhorar a estrutura logística e atacar outros fatores fazem com que o produto nacional tenha um preço final maior que o do importado. Em outras palavras: as medidas antidumping apenas permitem que a indústria nacional respire por mais algum tempo, mas não promovem o desenvolvimento nacional.

Com isso, o Brasil continua pouco aberto em termos comerciais com uma taxa de 11% contra a média mundial de 41%, de acordo com a OMC. Segundo a entidade, as taxas de importação cobradas nas alfândegas brasileiras são em média o dobro das aplicadas nas aduanas dos demais países do Brics (Rússia, Índia, China e África do Sul). Isso não impediu que, em 2014, o Brasil tivesse sido o 21º maior importador, com 1,3% do comércio mundial, depois de ter sido o 22º em 2012.

Embora tenha uma economia pouco aberta, o Brasil continua como o país preferido para investimentos estrangeiros na América Latina e Caribe. Portanto, se em vez de ter um governo que se preocupa apenas com sua própria sobrevivência, o Brasil tivesse uma administração pública com um projeto de Estado para fazer as reformas necessárias, a situação seria outra. E bem melhor.

 

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Por Maurício Sampaio, coach de carreira, palestrante, escritor e fundador do InstitutoMS de Coaching de Carreira

Para muitos estudantes, 2016 será "o ano". Provavelmente o mais importante de suas - ainda curtas – vidas. Tudo em razão de ser o ano de vestibular. É o momento de uma complexa decisão, que envolve a escolha da futura profissão e da universidade.

As dúvidas vêm aos montes: qual rumo profissional seguir? Qual profissão escolher? A dos meus sonhos ou a que meus pais querem? Será que vou ganhar dinheiro?

E esses dilemas são compreensíveis, especialmente nos dias de hoje. Isso porque tradicionais profissões agora dividem espaço com novas opções, novos caminhos.

A chegada em massa da tecnologia não só transformou processos como criou eficazes canais de oportunidades. Surge, a cada dia, uma série de cursos, em diferentes modalidades. São mais de 200 tipos, entre bacharelado, licenciatura, tecnólogo, sequencial e à distância. Isso resulta em milhares de opções de profissionais.

Outros "complicadores" também aparecem na hora da grande decisão e causam desconforto, como escolher entre prazer e satisfação pessoal ou resultado financeiro.

Aliás, muitos jovens que atendo estão escolhendo e buscando sucesso profissional, com base no resultado financeiro. Um grave erro! O dinheiro não passa de uma atividade meio, ou seja, ele virá desde que você se esforce em concretizar seus objetivos finais, cumprindo metas, sendo perseverante no seu sonho.

A influência dos pais também é um grande obstáculo, pois alguns projetam em seus filhos suas realizações profissionais. Em alguns casos, isso se torna natural e sadio, mas, em outros, pode ser uma verdadeira catástrofe.

Tão ou mais importante que escolher uma profissão, um curso superior, é saber preparar um plano de vida, uma espécie de "plano de voo", analisando suas possibilidades internas e externas. Para isso, gaste mais tempo olhando para o seu interior e descubra seus talentos, suas habilidades, sua vocação. Analise cada mudança em sua volta. Só então você será capaz de escolher o rumo certo de uma feliz e apaixonante profissão.

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*Todo o conteúdo contido neste artigo é de responsabilidade de seu autor, não passa por filtros e não reflete necessariamente a posição editorial do Portogente.

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