Domingo, 24 Novembro 2024

Ingo Pelikan é presidente do IQA – Instituto da Qualidade Automotiva

Levantar os indicadores de desempenho da qualidade do setor automotivo brasileiro com o propósito de mensurar o nível da qualidade made in Brazil e, consequentemente, situar o País em termos de competição global. Hoje esta é uma das maiores prioridades da Comissão da Qualidade Automotiva, a CQA, que reúne a Anfavea, Sindipeças, Inmetro, ABRAC e o IQA.

Iniciada em 2011, a comissão retomou os trabalhos no ano passado, conforme a sugestão da Anfavea para a sua Comissão de Qualidade. Não se buscam os indicadores entre as empresas, mas do setor comparado com os outros mercados. A expectativa é justamente posicionar a indústria brasileira no globo.

Talvez, ao final desse levantamento, não sejam encontradas tantas diferenças entre os produtos, mas ao contrário, poderão ser utilizadas para corrigir rotas e buscar a melhoria contínua na cadeia automotiva, desde o fabricante de insumos, passando pelos fornecedores e pelas montadoras, chegando até a área de serviços.

Em paralelo, a CQA já se aprofunda em algumas outras discussões, a exemplo da qualificação da mão de obra para a qualidade. A proposta é debater o que pode ser feito para aperfeiçoar cada vez mais a mão de obra para a qualidade, a tecnologia e a competitividade e, eventualmente, o trabalho dos profissionais que também atuam nas áreas de qualidade, inclusive auditores.

Neste ano, a CQA também deve ampliar o debate sobre a acreditação dos laboratórios de ensaios. Como se sabe, conforme recomendação da ISO TS 16949, todo laboratório deve ter o aval do Inmetro para suas medidas, o que não está 100% implantado, embora existam trabalhos de qualificação e certificação realizados pelas Redes Metrológicas. Portanto, a ideia é aprofundar a discussão para que toda a sociedade automotiva tenha claro entendimento da importância desta acreditação para a qualidade.

Esses são apenas alguns trabalhos em andamento do extenso cardápio da CQA, que começou a se movimentar lá, em 2011, com a aproximação das comissões de qualidade da Anfavea e do Sindipeças. Naquela época, ambas perceberam – em razão da abrangência de temas que estavam em pauta na Comissão Conjunta de Qualidade Anfavea e Sindipeças – que também precisam se reunir como um elo da cadeia.

Por um lado, faltava o Inmetro para se ter o respaldo técnico da entidade acreditadora que rege as certificações no Brasil. Por outro, a ABRAC – Associação Brasileira de Avaliação da Conformidade também foi envolvida para que os organismos certificadores estivessem alinhados com as demandas e as preocupações do setor. Portanto, da extensão de duas entidades: Anfavea e Sindipeças, como parceiros do processo, teve origem a CQA como lugar para se discutir problemas comuns, compartilhar conhecimentos e propor melhorias.

Assim, de lá para cá, todos fazem parte da mesma mesa: os fabricantes de veículos, que exigem as certificações de seus fornecedores; o Sindipeças, cujos associados implementam e utilizam os sistemas da qualidade; a ABRAC, cujos associados fazem a avaliação e concedem os certificados; o Inmetro, que rege os sistemas de certificação; e o IQA como entidade neutra e com larga experiência nos temas em discussão com o papel de organização na Comissão.

Lá no início, o foco era trabalhar a interpretação das normas para se alcançar maior entendimento. Interpretação de normas, requisitos específicos e derrogas é trabalho que deve ser feito continuamente, mas já se percebe que a transparência dos requisitos específicos cresceu e o número de derrogas também diminuiu. Hoje entidades, empresas e organismos de certificação trabalham juntos para a melhoria da qualidade no setor automotivo.

Como resultado indireto medido nesses trabalhos, percebem-se empresas com sistemas da qualidade mais robustos e amadurecidos, sistemas estes que permitem aperfeiçoar processos e desenvolver produtos de melhor qualidade para o consumidor final. Certamente com muitos esforços de todos, vislumbramos o rumo a excelência operacional da nossa indústria.

 

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