Antonio Maurício, engenheiro mecânico e de produção. Especialista em Planejamento e Gestão Pública; Transportes; Transportes Urbanos; Portos; Desenvolvimento Urbano e Políticas Públicas
Muito difícil, nos atuais ventos, abordar qualquer assunto que possa conquistar um dedinho de atenção do leitor, rivalizando com a pororoca de fatos e eventos que proporcionam um excitante e acalorado debate na sociedade.
Na hipótese, talvez sensata, de ficar calado, prevalece, porém, o incômodo de saber que o mundo não para e que tudo sobreviverá às crises, reais ou ampliadas, desenvolvendo-se e, por fim, promovendo seus avanços.
Nosso conhecimento acumulado nos faz ver com clareza que a organização do setor portuário e o equilíbrio identificado dentro de certos de seus setores os fazem ter sua sobrevivência menos afetada pelas amplas variações de humor (político/econômico/social) do momento.
Estou falando das inúmeras manifestações recentes, nesta e em outras importantes mídias, nas quais representantes dos trabalhadores, do capital e pensadores independentes de diversas correntes apontam riscos e soluções.
Estas manifestações, na sua maioria focando e enfatizando assuntos de maior valor estratégico e específico para os seus representados, além muito bem escritos, demonstram um preparo, capacidade de articulação e conhecimentos que podem ser considerados um patrimônio a favor do equilíbrio do setor.
Chega-se a este ponto com o investimento na capacitação (formal e informal), na construção de debates pertinentes e, principalmente, com o reconhecimento da organização legitima, como forma de representatividade, independentemente do seu grau de institucionalidade. Sindicatos, federações e associações fortes e preparadas, um campo neutro para o debate e o diálogo, instituições moderadoras legitimas, isentas e preparadas, que consigam traduzir as aspirações e reivindicações e mediar as diferenças, seriam a garantia da continuidade e integridade do setor, seja qual for o cenário que se apresente.
Devemos lutar, no caso do setor portuário, para que se restabeleçam, de forma adequada e competente, as instâncias institucionais que possam promover o desenvolvimento consistente e sustentável por meio do diálogo e da construção. E, me repetindo, que isto sempre ocorra através da promoção do amplo e democrático protagonismo de todos os atores. Defendo que questões de maior valor estratégico e político voltem a ser priorizadas de forma a contribuir novamente para a integridade setorial, como um bom vento que nos impulsione.