É CEO da HRM Logística consultora & treinamento, coordena a comissão de logística do Conselho Regional de Administração
Uma das perguntas que mais tenho recebido nos últimos dias é: Quais os principais desafios logísticos para o ano que se inicia e, como se preparar para enfrentá-los?
Antes de falarmos das perspectivas logísticas para 2016, é importante refletirmos sobre a situação atual de nosso país. Estamos vivendo, um momento bem delicado em termos econômicos e políticos.
Nos últimos meses de 2015 temos acompanhado no Brasil uma redução da atividade econômica, queda no nível de emprego, instabilidade política, mudanças nas relações comerciais com outros países, queda de indicadores econômicos e sociais, e isto tudo permeado pelas operações que estão identificando empresas e empresários envolvidos em atividades não legais. Este conjunto de fatores vem formando uma lista de ingredientes que tem abalado bastante a credibilidade e a confiança do mercado.
Diante deste cenário, que realmente é bem complexo, tenho observado muitos empresários e profissionais extremamente pessimistas em relação ao ano de 2016.
Concordo que 2016 será realmente um ano desafiador com D maiúsculo e, como sempre, junto com os desafios, surgem oportunidades. Mas, para que possamos enxergar estas oportunidades, nós profissionais de logística, precisaremos deixar de lado o pessimismo e arregaçar as mangas. Teremos que exercitar ainda mais a nossa competência, usar todo o nosso conhecimento e experiência procurando assim, uma forma diferenciada de enxergar os problemas e com isso realizar propostas de soluções inovadoras. Precisaremos nos manter firme no bina busca por melhores oportunidades de redução de custos e níveis de serviço diferenciados em relação a concorrência.
Respondendo então à pergunta inicial sobre como superar os principais desafios logísticos para o ano de 2016, penso que cada segmento terá desafios específicos. Entretanto, de uma forma geral, tomei a liberdade de listar os 13 pontos que considero importantes para contribuir nesta tarefa desafiadora, a saber:
- Planejamento de demanda - Com a queda do nível de emprego e renda, teremos uma retração de consumo de uma série de produtos. Neste momento o profissional de logística precisar estar focado no planejamento de produção e compras, exercitando ao máximo a busca por negociações eficazes junto aos fornecedores, bem como um planejamento cuidadoso da capacidade fabril e dos lotes de compras.
- Vendas pela Internet – As vendas pela internet deverão ganhar ainda mais força, haja visto alguns movimentos de empresas que estão descontinuando suas vendas em lojas físicas para se dedicar somente ao e-Commerce. Neste sentido, a logística continuará ganhando mais importância, pois ela se constitui como um grande diferencial competitivo neste tipo de negócio. Processamento de pedido ágil, visibilidade de informações, entrega rápida e confiável, agilidade na troca e na devolução (logística reversa) serão fatores decisivos no momento da compra.
- Entregas ágeis e confiáveis – O consumidor passará a ser ainda mais exigente quando tiver que decidir pela compra. Qualidade, preço, condições de pagamento continuarão sendo importantes, mas como provavelmente a compra será cada vez mais próxima do momento do consumo, a agilidade na entrega passa a ser cada vez mais crucial para o fechamento de um negócio.
- Estoques – A gestão de estoques será fundamental, pois os níveis de estoques precisarão ser bem dimensionados, pois excessos representarão perda financeira (e o dinheiro será um recurso cada vem mais escasso). Mas, a falta de um produto pode representar a perda de uma venda que, em momentos como este não pode ser perdida.
- Armazenagem – Espaços (m3) para guarda de produtos e insumos geram custos para as organizações. Juntamente com uma gestão de estoques mais forte, 2016 será um ano onde precisaremos realizar uma otimização ainda maior do uso deste espaço.
- Logística colaborativa – No cenário que se apresenta, as empresas participantes da cadeia logística precisarão estabelecer relações de colaboração. Manter todos os envolvidos informados sobre as perspectivas de seus negócios, sobre lançamentos ou descontinuação de produtos, abertura ou fechamento de pontos de vendas e principalmente, trabalhar em conjunto na busca pela otimização do fluxo de produtos e informações, na melhoria contínua de seus produtos e serviços e na redução de custos logísticos (com foco nos custos totais). A colaboração entre empresas será, uma das chaves, para a sobrevivência de muitos negócios.
- Logística reversa – Esta é uma área que já vem ganhando bastante relevância nos últimos anos. Entretanto, juntamente com a conscientização ambiental e os avanços nas questões legais, teremos um cenário econômico onde o reaproveitamento de partes e peças será de grande importância para os negócios.
- Infraestrutura – Na parte de rodovias, portos e aeroportos, 2016 poderá ser um ano com novidades e avanços em algumas destas áreas. A participação da inciativa privada nestes setores, se bem conduzida, poderá gerar mudanças importantes para a logística de nosso país. Com isso, o profissional de logística precisará estar atento ao surgimento de opções de transporte e armazenagem diferenciadas em relação ao que temos atualmente.
- Mobilidade urbana – Continuará crescendo o anseio da sociedade, do poder público e da classe empresarial, por questões relacionadas a mobilidade urbana. Perceberemos uma maior integração estes atores na busca por soluções que melhorem a qualidade de vida das pessoas através da otimização dos fluxos de pessoas e mercadorias. O profissional de logística precisará estar atento a estes movimentos, buscando meios alternativos de entregas nos grandes centros por exemplo.
- Tecnologia – O uso intensivo de tecnologia continuará na pauta dos profissionais de logística em 2016. Cada vez mais, a tecnologia será uma aliada na busca por processos mais eficazes que, se bem definidos, possibilitarão melhores resultados. Entretanto, devemos ter cuidado com os modismos, entender bem como a tecnologia tem aderência ao modelo de negócio e, principalmente como capacitar as pessoas para o melhor uso dos recursos tecnológicos escolhidos.Processos enxutos – Em épocas de recursos escassos, somos instigados a repensar algumas formas de trabalho. Logo, entendo que 2016 será um ano onde precisaremos continuar revendo e racionalizando alguns processos, eliminando todos aqueles que não agregam valor para os clientes. Quebrar paradigmas e se desapegar de formas de trabalho que eram usadas por muitos anos será uma necessidade constante neste próximo ano.
- Custo Total – O foco em custos, sempre está na pauta do profissional de logística. Em 2016 não será diferente. Entretanto, penso que devemos sempre manter o foco no custo total, e não em parte destes. Às vezes, o ímpeto por reduzir parcelas de custos, sem uma avaliação mais ampliada, pode gerar um aumento do custo total.
- Pessoas – Infelizmente, o cenário para recuperação dos níveis de emprego não é promissor em 2016. Ao longo de minha trajetória, venho aprendendo que grande parte dos resultados de um negócio provém das pessoas. Por isso, minha recomendação é de que os gestores logísticos procurem avaliar cuidadosamente seus quadros, procurando ao máximo reter seus talentos e mantendo sua equipe motivada e informada sobre a situação dos negócios.