Presidente do Sistema Findes. Artigo originalmente publicado no jornal A Gazeta, na editoria de Opinião, no dia 04 de novembro de 2015
O Brasil enfrenta uma das maiores crises de sua história. A má administração do Governo Federal, somada à instabilidade política, vem afetando o desempenho da economia e dizimando a confiança dos empreendedores – o que resultou também no recente rebaixamento do país pela S&P. A indústria, mais uma vez, é uma das mais afetadas: de janeiro a setembro deste ano, a produção física nacional acumulou queda de 7,4%.
Os custos industriais continuam crescendo em razão das variações do dólar, o que deve agravar o ritmo do setor. Com tanta burocracia, juros altos, constantes ameaças de aumento de impostos e falta de investimentos em infraestrutura, nossas indústrias perdem competitividade. Sem incentivos para exportação, o Brasil se tornou paroquiano: vende muito para o mercado interno e exporta um pequeno leque de produtos – em sua maioria, commodities agrícolas e minerais.
Ainda que fatores externos afetem o desempenho da indústria, devemos considerar que falta inovação na produção brasileira, principalmente nas micro, pequenas e médias empresas. Em meio à crise, precisamos rever conceitos e buscar soluções: por que não conseguimos consolidar marcas fortes no mercado internacional? O que falta para que a inovação chegue ao chão das fábricas de menor porte? Estas perguntas encontram respostas na Economia Criativa.
Ao contrário do que se propaga, a Economia Criativa não está restrita às produções culturais. Quaisquer setores onde a criatividade e a tecnologia de informação exercem influência sobre a atividade econômica se enquadram no conceito – a exemplo de vestuário, móveis e rochas ornamentais. Estabelecendo inovações nas linhas de produção, surge a chamada Indústria Criativa, que movimenta cerca de R$ 2 bilhões por ano no Estado.
Com a chegada de novos empreendimentos no Espírito Santo – cerca de R$ 13 bilhões serão investidos até 2017 –, é essencial que a indústria capixaba continue melhorando seus produtos. As novas cadeias produtivas trazem oportunidades e estimulam uma indústria com mais conteúdo tecnológico e valor agregado ao produto. Só assim, conseguiremos reduzir, gradativamente, o peso que a produção de matéria-prima tem no PIB capixaba. É preciso avançar, dando espaço para as indústrias criativas.
O Sistema Findes criou neste ano o Conselho Temático de Economia Criativa (Conect), que busca articular instituições, identificar vocações e fortalecer o setor. Também estamos incentivando a abertura de novos sindicatos, a fim de tornar o Espírito Santo uma referência em projetos ligados à indústria criativa. Abrindo um conselho para novas ideias, direcionamos nosso olhar para além da crise e vislumbramos um horizonte melhor para todos os capixabas.