É presidente da Transportadora ASA EXPRESS
A famigerada “Praça da Fome” (nos seus dois amplos conceitos de “fama” e de “malfeitor”) está em evidência no ramo dos Transportes. Para quem não conhece, é uma praça em frente ao Porto de Santos, frequentada pelos caminhões conhecidos como “vira”. Eles ficam lá estacionados, aguardando serem acionados para o transporte. Eles ressurgiram como Fênix. A função principal desses velhos caminhões é a utilização no Porto de Santos para a entrega e retirada de containeres vazios nas cidades próximas como Santos, Guarujá e Região (baixada santista).
Porém, agora, a novidade é que extrapolaram as fronteiras do “vira”. Em tempos de crise, estes caminhões estão subindo a serra e o resultado é a volta às rodovias de caminhões ultrapassados, velhos e sem manutenção.
O setor de transporte e logística é um dos mais afetados pela atual crise econômica. No porto santista sentimos o impacto principalmente ao transportar carga daquela localidade para São Paulo e outros destinos. Outros problemas surgem principalmente no período noturno, onde é notório o aumento de caminhões quebrados nas Rodovias Imigrantes e Anchieta, fato que causa lentidão, sobretudo quando a Imigrantes é interditada para a subida da serra e o trafego é desviado para a Anchieta. Em determinados momentos, os motoristas chegam a demorar de 1h00 a 1h30 para subir a serra. O resultado é o prejuízo à cadeia logística e também às pessoas que se utilizam dessas vias no deslocamento entre São Paulo e a Baixada Santista.
Como já havíamos alertado em outro artigo, a cadeia de transportadoras vê seu patrimônio, os caminhões, sendo consumido pela concorrência e, principalmente, pelo não pagamento justo por parte dos exportadores e importadores para cobrir suas despesas. Além dos caminhões existe ainda um alto custo financeiro e administrativo desse segmento.
Em consequência disso e com o objetivo de redução de custos, a maioria das transportadoras abriu mão de realizar investimentos, como a compra de novos caminhões, e partiram para o agenciamento e contratação de terceiros. Esta ação diminui o lucro na operação, uma vez que 90% das despesas são pagas pelo caminhoneiro. Diante dessa situação, e também pela falta de caminhões no referido porto, estão sendo contratados caminhões que já passaram do tempo de troca.
O próximo capítulo dessa “novela’ é o alto risco de acidentes, pela falta de manutenção desses caminhões e também pelo excesso de uso dos equipamentos.
Convoco todos para a reflexão na contratação de transporte rodoviário, haja vista que este é um dos pilares de sustentação da cadeia logística do comércio exterior brasileiro.