Conselheiro Fiscal do Conselho Científico para Agricultura Sustentável (CCAS), Dirige o Núcleo de Agronegócio da ESPM
Enquanto na França o primeiro ministro Manuel Valls recebe os produtores e promete a eles “nossa meta é dar novas perspectivas e esperanças aos nossos produtores”, no Brasil, celeiro do planeta, a Ministra Katia Abreu, estranhamente, sugere à Presidente Dilma incluir o óleo diesel no imposto da CIDE - Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, da mesma forma que a gasolina.
Na França os produtores dirigiram seus tratores para Paris, semana passada, foram 1.500 máquinas tomando o centro parisiense para protestar contra os custos da agricultura francesa, contra o embargo russo, as despesas com investimentos ambientais, encargos sociais crescentes, e a pressão de diminuição de preços, na ponta das bolsas e do consumo.
Incluir o diesel na CIDE significa imposto e, consequentemente, isso vai implicar em maiores custos aos produtores, custos na logística dos insumos como fertilizantes, sementes, defensivos, custo no transporte das safras e custos com impacto na distribuição dos alimentos, e vai para o bolso do consumidor.
Os custos de logística, a burocracia, os impostos, o combustível, penalizam dois setores do agronegócio: produtores rurais, pois esses não conseguem repassar custos para os preços, eles não mandam nos preços, e penalizam consumidores, que recebem o pacote pronto na hora de consumir. Mas o que o povo francês sabe de longa data é que segurança alimentar depende dos seus produtores. Portanto, lá na França, o governo já decidiu afrouxar as exigências ambientais, e oferecer um pacotaço de ajuda aos seus agricultores.
Falar em aumento de custos para o produtor brasileiro através do imposto no diesel, não faz sentido nas atuais circunstâncias nacionais.